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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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O Brasil ultrapassou em outubro a marca de 20 gigawatts (GW) de potência instalada solar fotovoltaica, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia, o equivalente a 9,6 % da matriz elétrica do país.
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), de janeiro ao início de outubro deste ano, a geração solar cresceu 44,4%, saltando de 13,8 GW para 20 GW.
Somente nos últimos 120 dias, o ritmo de crescimento foi de praticamente um GW por mês, o que coloca a fonte na terceira posição da matriz elétrica brasileira.
Boa parte desse crescimento vem da geração distribuída — isto é, instalações em telhados, fachadas e pequenos terrenos. O segmento saltou de 9,2 GW no início do ano para 13,5 GW de potência instalada na primeira metade de setembro, de acordo com a Aneel.
Uma das aceleradoras dessa expansão é a mudança dos critérios de compensação para os empreendimentos que solicitarem conexão à rede a partir de 2023.
Sancionado em janeiro, o marco da mini e micro geração distribuída retira os subsídios para a geração própria — com preservação das regras atuais até 2045 para os sistemas já instalados e para novos que clientes que fizerem o pedido de conexão com a rede até janeiro que vem.
Isso significa que, até 2045, esses consumidores de energia pagarão os componentes da tarifa somente sobre a diferença, se positiva, entre o consumido e o gerado e injetado na rede de distribuição, como ocorre hoje.
A expectativa é que, com a mudança de regra, somente a GD solar supere os 15 GW até o final do ano.
“A fonte ajuda a diversificar o suprimento de energia elétrica do país, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de ainda mais aumentos na conta de luz da população”, comenta Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da Absolar.
A associação calcula que o setor respondeu por cerca R$ 103 bilhões em novos investimentos na última década.
Com aproximadamente 6,5 GW de potência instalada, as usinas solares de grande porte movimentaram cerca de R$ 29 bilhões, no período, diz a Absolar. Na GD, o valor salta para quase R$ 74 bilhões.
Consumidor livre
Mudanças nas regras do mercado livre de energia também devem dar um impulso nos investimentos em geração solar para atender uma nova demanda.
No final de setembro o Ministério de Minas e Energia (MME) colocou em consulta duas portarias para ampliar o acesso ao mercado livre de energia (ACL), o que, segundo projeções do setor, deve ampliar o número de unidades consumidoras no ACL de 30 mil para 120 mil unidades de alta tensão já a partir de 2024, e mais de 80 milhões de consumidores a partir de 2028.
No Congresso também tramita um projeto de lei da “portabilidade na conta de luz” para regulamentar essa migração.
Compartilhamento em alta
Uma modalidade dentro da GD, a geração compartilhada apresentou forte avanço entre 2020 e 2022 para atender a demanda de contratação de energia por assinatura, mostra um levantamento da Greener.
Segundo a consultoria, há atualmente 2,3 GW de usinas em operação ou em construção no Brasil, ante 0,4 GW de 2020. Os consumidores são, na maioria, do segmento de varejo e serviços.
E a previsão é de aquecimento nesta modalidade, onde o consumidor não precisa instalar equipamentos solares. Até 2024, deve ser demandada a construção de pelo menos 3,9 GW de usinas fotovoltaicas, somando mais de R$ 15 bilhões em investimentos.
No mundo, a geração renovável avança
Lançado nesta quarta (5/10), relatório da Ember Climate aponta que a expansão da geração de eletricidade a partir de fontes renováveis conseguiu interromper cerca de 4% na geração com combustíveis fósseis, em especial carvão e gás natural, no primeiro semestre de 2022.
Três quartos do aumento da demanda global por eletricidade no período foi atendida por eólica e solar, enquanto a hidroeletricidade atendeu o restante.
Enquanto a demanda mundial de eletricidade expandiu em 389 terawatts-hora (TWh), a geração a partir de fontes limpas cresceu 416 TWh.
Cobrimos por aqui:
- Mundo deve adicionar 59 GW de geração distribuída fotovoltaica em 2022
- Custos da geração distribuída caem em junho; financiamento também
- Indústria solar é a que mais emprega mulheres no setor de energia
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Novas usinas em Cuiabá
A Aegea Saneamento e a Brasol inauguraram quatro usinas de energia fotovoltaica no Oeste Solar Parque, na capital do Mato Grosso. Recém conectadas, as usinas vão gerar cerca de 1,7 mil megawatt-horas por ano, em uma área de 13,5 mil m² para atender o consumo energético das unidades da empresa de saneamento. Ao todo, o Oeste Solar Parque conta com oito unidades geradoras.
ESG com selo Inmetro
O Brasil acaba de lançar a primeira métrica acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para medir o S (social) da sigla ESG (ambiental, social e governança, em inglês).
Com a Escala Cidadão Olga Kos (Ecok), o Inmetro considera cinco variáveis, 20 indicadores e 37 requisitos para avaliar o quanto a empresa é inclusiva e também se os seus ambientes de trabalho estão adaptados a todos os tipos de diferenças, sejam elas de gênero, idade, deficiência, etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual ou qualquer outro fator de exclusão.
As empresas interessadas na Escala podem obter o reconhecimento em quatro níveis: Potencial Inclusivo Latente (duas estrelas), Potencial Inclusivo Emergente (três estrelas), Orientação Inclusiva (quatro estrelas) e Plenamente Inclusiva (cinco estrelas).
Apenas as organizações que alcançam o último nível conseguem o certificado com acreditação do Inmetro, enquanto os demais níveis recebem um selo do próprio Instituto Olga Kos.