BRASÍLIA — Cada R$1 bilhão em investimentos na energia nuclear no Brasil contribui para um aumento de R$ 3,1 bilhões na produção no país, com 68% desse valor concentrado no estado do Rio de Janeiro, afirma um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O acréscimo ao Produto Interno Bruto (PIB) chega a R$ 2 bilhões, sendo 80% desse impacto no RJ, além de criar cerca de 22,5 mil postos de trabalho, dos quais 75% são registrados no estado fluminense.
O levantamento inédito foi apresentado nesta quarta (8/11) durante o Nuclear Legacy, evento setorial promovido pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan).
Durante a abertura do encontro, na terça (7), o presidente da Abdan, Celso Cunha, defendeu que o Brasil, com a sétima maior reserva de urânio do mundo, deve aproveitar sua abundância de fontes energéticas, e reconhecer o papel do setor nuclear na descarbonização.
O executivo disse que tem conversado com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) sobre alternativas de descarbonização da indústria siderúrgica a partir da aplicação da tecnologia nuclear.
A geração de energia elétrica é a aplicação mais conhecida da energia nuclear, contribuindo para o suprimento de eletricidade em várias partes do mundo.
No Brasil, a energia nuclear representa 2,1% da matriz energética, com usinas de Angra I e II. Estas geram um faturamento anual de R$ 4,6 bilhões e investimentos de R$ 350 milhões, segundo a FGV.
O estudo indica que o país poderia expandir suas atividades nucleares e capitalizar a crescente demanda por energia nuclear no cenário internacional, aproveitando as reservas de urânio estimadas em 245.188 toneladas — aproximadamente 5% das reservas mundiais.
“A exportação de energia é uma possibilidade que se destaca, uma vez que a energia nuclear possui baixa emissão de gases de efeito estufa em comparação com outras fontes. Além da geração de eletricidade, a tecnologia nuclear encontra aplicações em diversos setores, como agricultura, bens de consumo, indústria, recursos hídricos, transporte e até mesmo em pequenos reatores modulares, demonstrando seu potencial multifacetado para impulsionar o desenvolvimento econômico e tecnológico do Brasil”, destaca a fundação.