BRASÍLIA — A Wärtsilä Brasil espera uma grande quantidade de empreendimentos termelétricos cadastrados no Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP), marcado para 27 de junho. De acordo com o diretor de vendas de projetos da companhia, Gabriel Cavados, as diretrizes se mostraram atrativas para o setor, com a possibilidade de participação dos biocombustíveis.
Segundo o executivo, até agora, as sinalizações que foram feitas pelo Ministério de Minas e Energia são positivas.
Mesmo assim, faltam definições importantes até a realização do certame. Precisam ser divulgadas a fórmula de escolha para projetos vencedores, o chamado preço de potência, e detalhes dos contratos que serão assinados.
“Nossos clientes estão gastando tempo e dinheiro nesse leilão. A gente espera muitos projetos cadastrados. Tem coisas ainda que precisam ser publicadas e a gente tá aqui ansioso, esperando essas informações adicionais. Mas, pelo feeling que a gente tá tendo dos nossos clientes, está todo mundo animado, e nós também”, diz.
A fornecedora de motores tem em seu portfólio 31 usinas termelétricas no Brasil, com mais de 2,7 gigawatts de capacidade instalada.
A possibilidade de utilização de biocombustíveis pode ser importante, especialmente para projetos existentes.
Nesse caso, as geradoras precisam tomar decisões sobre qual será a rota tecnológica a ser adotada. Entre as opções possíveis, está a conversão para gás natural ou combustíveis renováveis.
Usinas a óleo diesel contratadas há quase 20 anos entram nessa categoria, já que tiveram custos amortizados e poderiam ser mais baratas do que empreendimentos novos.
A inclusão desses combustíveis renováveis pode ser importante, inclusive para questões logísticas.
“Tem muita usina que foi contratada a óleo que fica no interior, longe dos gasodutos e que se o empreendedor fosse forçado a ter que converter para gás natural para participar de um leilão ele nunca ia ganhar porque a logística para você levar gás natural seria um impeditivo”, diz.
A Wärtsilä fabrica motores capazes de operar com gás natural, óleo vegetal, biodiesel B100, biogás, etanol e até hidrogênio.
“Hoje a gente opera com uma mistura de até 25% de hidrogênio e 75% de gás, mas o planejamento é aceitar 100% de hidrogênio”, explica Cavados.
Além da descarbonização proporcionada pelo hidrogênio, essa mistura seria uma forma de impulsionar a utilização do combustível, uma vez que o armazenamento e o transporte ainda são fatores complexos para utilização em empreendimentos de larga escala.
A data limite para habilitação no leilão se encerra na próxima semana, no dia 14 de fevereiro. Ainda não está claro se a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) vai permitir a habilitação de projetos a hidrogênio.
As diretrizes divulgadas até o momento incluem gás, biocombustíveis e hidrelétricas, com a diferenciação dos produtos por entrada em operação.