Mercado livre de energia

Verticalização no mercado livre de energia cria valor agregado, diz presidente da ASX Energia

Grupo montou comercializadora e vai entrar na geração centralizada de olho na abertura do mercado 

Verticalização no mercado livre de energia elétrica eleva valor agregado e retorno do capital, diz Rodolfo de Sousa [na imagem], presidente da ASX Energia (Foto Divulgação)
Rodolfo de Sousa é presidente da ASX Energia | Foto Divulgação

RIO – A verticalização de competências no mercado livre de energia cria valor agregado e amplia o retorno sobre o capital investido, na visão do presidente da ASX Energia, Rodolfo de Sousa. 

O grupo montou uma comercializadora de energia e vai construir seu primeiro projeto de geração centralizada, de olho na abertura do mercado livre a todos os consumidores do país. 

No mercado livre de energia, o consumidor pode escolher o fornecedor de energia. Hoje restrita apenas aos clientes da alta tensão, a expectativa é que essa opção também esteja disponível para os consumidores de baixa tensão nos próximos anos. 

“Vai haver uma grande revolução na maneira como os consumidores vão olhar para a geração, para o consumo de energia”, diz Sousa sobre a abertura do mercado livre. 

A ASX planeja investir R$ 1,8 bilhão até 2027 para acompanhar o novo cenário. A primeira usina de geração solar fotovoltaica centralizada do grupo será instalada em Minas Gerais e terá 180 megawatts (MW) de capacidade. A previsão é de início das operações no segundo semestre de 2027. O projeto teve acesso ao benefício do desconto das tarifas de transmissão, aplicado a fontes incentivadas. 

Hoje, o grupo atua sobretudo na geração distribuída sob assinatura, modelo no qual o cliente compra créditos de energia que são descontados da fatura da distribuidora. Ao todo, a ASX tem 56 usinas voltadas para a geração distribuída, numa capacidade instalada de 178 megawatts (MW) nos estados do Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Goiás. 

Além da entrada na geração centralizada, os investimentos também vão ser usados na construção de mais 113 usinas de geração distribuída para atingir capacidade instalada de 350 MW. A meta é chegar a 50 mil consumidores nesse modelo de negócio nos próximos três anos. 

“A gente termina o nosso ciclo de geração distribuída e começa o nosso ciclo de mercado livre olhando justamente a abertura do mercado”, diz o executivo. 

Segundo Sousa, a expectativa é que a experiência na geração distribuída ajude no relacionamento com os novos clientes do mercado livre nos próximos anos. 

“Nós temos uma plataforma totalmente digital, conhecemos o varejo, estamos acostumados com o cliente do varejo. Diferente dos grandes comercializadores, que estão muito mais focados em pequenas contas ou grandes contas de poucos cliente”, afirma. 

O grupo tem a intenção de seguir o plano de expansão com a construção de novas usinas de geração centralizada após 2028, acompanhando o crescimento do mercado livre. Os futuros projetos, no entanto, já não devem mais contar com os benefícios dos descontos nas tarifas de transmissão. 

“A gente começa com esse projeto que termina em 2027, para então começar a olhar outros negócios ou adquirir novos projetos. Mas não tenho dúvida que a nossa plataforma é de crescimento permanente”, diz. 

Em paralelo, a ASX quer entrar também na área de armazenamento de energia, tendo a vista a previsão de que o governo brasileiro faça um leilão para projetos de baterias em 2025.O Ministério de Minas e Energia (MME) colocou em consulta pública em setembro a minuta de diretrizes para o leilão. 

A companhia está desenvolvendo quatro projetos de baterias com capacidade de 200 megawatt-hora cada. A expectativa é inscrever os empreendimentos no certame.

“Nós estamos vivendo uma fase muito de experimentação, de entender como esse negócio vai rodar. Isso é similar ao que aconteceu com a geração solar há 10 anos atrás, em 2015, e com a eólica em 2009”, diz o executivo. 

Segundo Sousa, no momento as discussões estão voltadas para negociações com fabricantes e o custo da construção e operação dos projetos. 

“Existe uma curva de aprendizado que envolve todo mundo, envolve os investidores, os credores que vão fazer os financiamentos, as seguradoras que vão dar os seguros de operação disso tudo, as empresas de engenharia, as empresas de construção”, explica.