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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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Pesquisa da Aggreko com os setores elétrico e de infraestrutura latino-americanos descobriu que a transição energética é vista como uma oportunidade para 65% dos entrevistados, mas, para 35%, o avanço de fontes renováveis depende de investimento estrutural.
São aportes para desenvolver infraestrutura, modernizar redes elétricas e atualizar as instalações para escoar a nova energia projetada para os próximos anos. A região concentra cerca de 319 GW em projetos de geração renovável anunciados até 2030.
Para 84%, a energia solar será a grande protagonista da transição, seguida por eólica (72%) e hidráulica (43% ).
Não à toa, 22% dos entrevistados apontam a integração de parte dessa capacidade a soluções de armazenamento de energia como um fator crítico para impulsionar a adoção de fontes como solar e eólica – uma estratégia para lidar com a intermitência.
O estudo consultou mais de 830 profissionais desde concessionárias e empresas de T&D, até agências reguladoras, empresas de geração distribuída e prestadoras de serviços relacionados às utilities em 13 países da América Latina.
No Brasil, 33% afirmam que a transição para fontes de energia sustentáveis é sua principal prioridade comercial e já têm planos ou investimentos neste sentido.
Por outro lado, os 26% que ainda não estão fazendo a transição consideram que o principal motivo é a falta de clareza sobre a legislação, os regulamentos e os subsídios.
Oportunidades de negócios
A energia como um serviço está no radar de 35% dos entrevistados, que enxergam um modelo de negócios em atividades como fornecimento e gerenciamento de infraestrutura para seus clientes, incluindo instalação, operação, manutenção e até mesmo o financiamento de sistemas de energia.
Em seguida, vem o segmento de Operação e Manutenção (O&M) indicado por 32% dos profissionais, e a própria venda direta de energia (19%).
Em busca de recursos
Por falar em financiamento de infraestrutura, a comitiva do governo brasileiro desembarcou na Itália para a reunião ministerial do G7 sobre Clima, Energia e Meio Ambiente, em busca de acordos e apoio político para agendas de transição e bioeconomia.
O Brasil não integra o bloco das sete maiores economias do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), mas foi convidado para o encontro, já que preside o G20 este ano e será sede da COP30 no próximo.
“A responsabilidade das grandes economias, representadas aqui no G7, vai muito além da redução das emissões em seus territórios”, discursou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), nesta segunda (29/4) em Turim.
“Além de diminuir as próprias emissões, [as grandes economias] devem ter papel determinante para a descarbonização, mobilizando recursos públicos e privados, nacionais e internacionais, que fortaleçam a capacidade dos países em desenvolvimento”, defendeu.
Como presidente do G20, o Brasil tem cobrado mais ações climáticas de países ricos, além de financiamento para a transformação energética de nações menos favorecidas.
Ao mesmo tempo, tenta ganhar espaço para agendas que enfrentam barreiras na Europa, como a dos biocombustíveis.
No domingo, durante um fórum que antecedeu a abertura da Cúpula, Marina afirmou que o Brasil tem plena capacidade de produzir biocombustíveis sem ameaçar a floresta ou concorrer com a produção de alimentos.
Nesta frente, um dos grandes desafios é avançar com certificações de sustentabilidade da bioenergia, o que pode abrir mercados para produtos de primeira geração como o etanol, mas também para os de segunda geração, a exemplo do SAF para a aviação.
Para a ministra brasileira, há pelo menos três frentes em que o G7 pode apoiar a transição energética dos emergentes e vulneráveis: viabilizar a nova meta global de financiamento climático coletivo na COP29, no Azerbaijão; fortalecer os bancos multilaterais e elaborar, até a COP30, Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) alinhadas com o fim do uso de combustíveis fósseis.
“Ambição e meios de implementação são indissociáveis. Precisamos nos comprometer com NDCs ambiciosas e alinhadas com a Missão 1,5°C, além dos meios de implementação para que se tornem realidade”, pediu Marina.
Cobrimos por aqui:
- Troika de presidências da COP defende antecipação de metas climáticas alinhadas com 1,5ºC
- Banco de desenvolvimento da AL promete apoio para acelerar transição energética
- América Latina tem 15% da capacidade global de hidrogênio até 2030
- Brasil está em momento chave para financiamento climático, avalia CBC
Curtas
Eletrificação mineira
A Raízen Power firmou um acordo com o Governo de Minas Gerais para estimular projetos de eletromobilidade no estado. Na semana passada, a empresa inaugurou sua primeira estação de recarga rápida em Belo Horizonte. Com duração de dois anos, a parceria pretende apoiar políticas públicas relacionadas à eletromobilidade, incluindo estudos de viabilidade técnica para infraestrutura de recarga. Leia na epbr
Painéis solares mais baratos
O preço médio da instalação de um sistema de geração solar fotovoltaico no Brasil no primeiro trimestre de 2024 foi de R$ 2,76 por watt-pico (Wp), queda de 5% em relação ao trimestre imediatamente anterior, segundo levantamento da Solfácil. A redução no custo é um efeito da diminuição ao longo do ano passado das cotações do polissilício, matéria-prima usada nos painéis solares. Leia na epbr
Renováveis no saneamento
A Rio+Saneamento inaugurou, na última semana, uma usina fotovoltaica de 5 MW de capacidade em Seropédica (RJ), como parte da estratégia de chegar a 100% de energia renovável nas operações até 2025. A expectativa é gerar 930 MWh mês para fornecer eletricidade às unidades de pequeno porte e baixa tensão da companhia. Leia na epbr
Garimpo na Amazônia
Cerca de 241 mil hectares, área equivalente a duas vezes a cidade de Belém, é o tamanho das ocupações feitas por garimpos na Amazônia brasileira, de acordo com levantamento do Ipam. São mais de 80 mil pontos de garimpo. Da área total, 25 mil hectares são áreas de 17 terras indígenas. (Agência Brasil)
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A Siemens Energy oferecerá um suporte complementar a todos os seus colaboradores ao redor do mundo para tirarem licenças remuneradas adicionais e sem distinção entre gêneros para nascimentos, adoção e acolhimento de crianças. Também se aplica ao cuidado ou morte de parceiros ou parentes próximos, contanto que o país do colaborador tenha regulamentações trabalhistas neste sentido. O Brasil será um dos primeiros países a adotar a política global.