Energia

Top five de fontes renováveis, Brasil oferece oportunidades para M&A

País se destaca entre emergentes com mercados energéticos estruturados para transição, atraindo investimentos em renováveis, escreve André Fonseca

Top five de fontes renováveis de energia elétrica, Brasil oferece oportunidades para M&A (fusões e aquisições). Na imagem: André Fonseca, Managing Director da Thymos Capital (Foto: Divulgação)
André Fonseca é Managing Director da Thymos Capital (Foto: Divulgação)

O Brasil está entre os top five de países em desenvolvimento em que os mercados de energia estão mais estruturados para realizar a transição energética. O relatório Climate Scope 2023, publicado pela BloombergNEF, destaca que, depois da China, o país, ao lado da Índia e África do Sul, foram os mercados que mais receberam investimento em renováveis em 2022. Isso significa que mais da metade dos US$ 80 bilhões investidos foi direcionada para economias em desenvolvimento naquele ano.

Esse cenário traz oportunidades e desafios que devem ser disseminados para o mercado. No cenário global da transição energética, há dois principais diferenciais que o mercado brasileiro de energia ostenta.

O primeiro é uma segurança regulatória robusta, que, embora não seja perfeita, tem demonstrado solidez com o passar dos anos, contribuindo para transformar o Brasil em um destino seguro para os investimentos de players internacionais.

Outra condição favorável é o fato de o mercado brasileiro desfrutar de grande escala territorial e econômica. O país é a nona economia mundial e apresenta credenciais para seguir em crescimento.

Essa combinação de fatores nos tornou um alvo estratégico para grandes empresas de energia globais e petroleiras, que buscam terreno sólido para executar suas estratégias de expansão e desenvolvimento de negócios.

A expectativa é que o Brasil continue a despertar o interesse de investidores nacionais e internacionais em três linhas principais.

A primeira delas é a expansão da geração renovável, como parte do movimento global para reduzir as emissões de carbono, criando oportunidades para investimentos e fusões e aquisições.

Em segundo lugar, a necessidade de aumentar a capacidade de transmissão para acompanhar o crescimento da geração eólica e solar também representa uma frente com muito potencial para novos negócios.

Por fim, a mobilização de recursos para atender os requisitos de potência no médio e longo prazo para atender os picos de demanda e suprir a intermitência das fontes renováveis – condição essencial para garantir a segurança energética.

Terreno fértil para fusões e aquisições

A efervescência criada por todo esse movimento proporciona um terreno fértil para operações de fusão e aquisição.

O mercado brasileiro apresenta uma dinâmica robusta, o que tem proporcionado um volume significativo de transações. Na frente energética, as vendas de plataformas de energia têm atraído grandes players internacionais, que buscam condições para um crescimento substancial.

Os geradores que aqui aportam para explorar o mercado de energias renováveis estão assumindo riscos antes inexistentes, demonstrando a maturidade do nosso setor.

Além disso, o mercado de capitais brasileiro tem demonstrado solidez ao financiar projetos com diversos riscos, indicando um nível de maturidade comparável ao de países desenvolvidos.

Como contraponto, fatores conjunturais ainda impõem óbices que podem influenciar negativamente tanto o ritmo das operações de fusões e aquisições quanto os investimentos em projetos greenfield. É o caso do nível elevado dos juros e dos baixos preços da energia elétrica no país.

Em resumo, o cenário energético brasileiro apresenta diversas oportunidades de investimento em um contexto de transição energética global. A manutenção de políticas favoráveis e sustentáveis é crucial para garantir um futuro promissor para o setor de energia no Brasil. Estamos confiantes de que o país continuará a se destacar como um destino atrativo para investimentos no cenário global.

Este artigo expressa exclusivamente a posição do autor e não necessariamente da instituição para a qual trabalha ou está vinculado.

André Fonseca é Managing Director da Thymos Capital. Foi head de Serviços Financeiros Estruturados da Thymos Energia. Possui mestrado em Gestão Empresarial pela FGV e graduação em Administração de Empresas pela PUC-RJ. É especialista em M&A e Project Finance com quase 20 anos de carreira. Tem passagens pela BF Capital, Andrade Gutierrez, SulAmérica, Pacto Energia e AESA Investimentos. André também atua como mentor voluntário no Projeto Gauss.