Atração de investimentos

Taxa de retorno do setor elétrico no Brasil é superior à média global, afirma Moody’s

No Brasil, a média anual de retorno entre 2019 e 2023 ficou em 7,5%, superior ao registrado no resto do mundo, que foi de 4,4%

Bases das Forças Armadas aumentam migrações ao mercado livre de energia elétrica. Na imagem: Central elétrica com grandes torres e linhas de transmissão de energia de alta tensão; ao fundo, densas nuvens brancas, na parte de baixo, e céu azul acima (Foto Agência Senado)
Central elétrica de alta tensão | Foto Agência Senado)

BRASÍLIA – As operações de empresas de distribuição e transmissão de energia no Brasil têm uma média de retorno do investimento superior a outros países, segundo a agência de classificação de risco Moody’s Ratings.

Em apresentação à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta quarta-feira (27/11), a Moody’s apontou que o cenário torna o país atrativo para investimentos.

No Brasil, a média anual de retorno entre 2019 e 2023 ficou em 7,5%, superior ao registrado no resto do mundo, que foi de 4,4%.

“Olhando essas taxas de retorno, a gente vê um ambiente salutar para investimento. Aqui no Brasil, no nosso universo, a gente vê uma taxa de crescimento de 23,8% em média nos últimos quatro anos, entre 2020 e 2024”, afirmou a diretora da Moody’s Ratings, Cristiane Spercel.

Outro fator positivo apontado pela consultoria é o crescimento da demanda por energia elétrica, que segue em alta acumulada de 10% desde 2019.

“No setor elétrico, de um modo geral, houve uma recuperação da demanda do Covid. É uma pena que tenha sido grave por aqui. Mas a gente vê que no Brasil a queda foi muito menos acentuada que no resto da América Latina e se recuperou muito mais rápido”, afirmou.

A Moody’s aponta que a regulação brasileira é bem desenvolvida, já que existem mecanismos de tarifas que equilibram preços justos para os consumidores e remuneração adequada para as empresas de transmissão e distribuição.

Embora veja interferências pontuais, a consultoria acredita que a independência da Aneel garante um ambiente regulatório previsível.

Curtailment é entrave

Por outro lado, existem desafios que devem ser enfrentados pelo setor elétrico, pelo governo e pela Aneel. Os cortes de geração (curtailment) representam, segundo a Moody’s, uma questão a ser superada. 

O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, acredita que deve haver definições sobre o tema no primeiro semestre de 2025.

Mesmo diante do problema, Spercel aponta que pode haver soluções nos próximos acordos a serem firmados.

“Um ponto bastante positivo que a gente vê é a evolução para os próximos contratos de distribuição com uma melhor alocação entre os custos e entre os diferentes participantes para mitigação desses riscos nos novos contratos no momento de renovação”, disse.

Apesar de entender que a matriz elétrica do Brasil seja limpa e renovável, o que coloca o Brasil em uma posição favorável na transição energética, a Moody’s aponta que há riscos por conta da intermitência das fontes eólica e solar, principalmente.

Nesse contexto, a instalação de data centers no país é vista como uma possibilidade de atração de investimentos, mas depende de reforços nas infraestruturas de transmissão.