O mundo atravessa um momento de turbulência acarretada pela pandemia da covid-19. Ao mesmo tempo, vivemos uma rápida transformação global, na qual o aumento populacional, a urbanização, as mudanças climáticas e o declínio dos recursos naturais estão mudando, de maneira definitiva, a sociedade e os negócios, com impactos na forma como vivemos, trabalhamos, nos movemos e consumimos.
Essas megatendências impulsionam as grandes mudanças sociais e afetam pessoas e empresas de maneiras diferentes, ao criarem demandas que, por sua vez, requerem processos mais sustentáveis e eficientes, amparados pela tecnologia. Diante disso, temos visto uma transformação clara na cultura das lideranças, que está estimulando o engajamento e a demanda pelo desenvolvimento sustentável, e que vêm realinhando as prioridades para além da redução do impacto climático.
Isso inclui desenvolver metas que mensurem o impacto que as soluções de sustentabilidade têm na sociedade e no meio ambiente em termos de redução das emissões de CO2, do aumento da eficiência energética, de processos mais circulares que envolvam redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia, ou ainda da redução do uso de água, bem como da melhoria da saúde e bem-estar da comunidade.
Nesse sentido, há metodologias como a Social Return of Investiments – SROI, a qual permite tornar mensuráveis os resultados de investimentos sociais realizados por uma determinada empresa ou governo.
A engenharia também tem ajudado a endereçar esses desafios ao propor soluções sustentáveis voltadas à indústria, às cidades e infraestruturas inteligentes, ao futuro da mobilidade, à digitalização industrial, ao mercado de energia em transformação e para uma transição rumo à bioeconomia.
Ocorre, no entanto, que alcançar a almejada sustentabilidade implica investimentos muitas vezes significativos. Por isso, avaliar a questão apenas sob a perspectiva de retorno financeiro talvez não seja a abordagem mais adequada.
Qualquer empreendimento, hoje, deve ser pensado levando em conta o melhor aproveitamento dos recursos naturais, a adoção de soluções energéticas sustentáveis e provenientes de fontes renováveis e em seu uso da forma mais inteligente possível.
Do ponto de vista tecnológico, este é um problema que já pode ser resolvido hoje – e não faltam exemplos bem-sucedidos em operação. Contudo, fazer isso quase sempre requer investimentos elevados, visão de futuro e a clareza de que os ganhos obtidos precisam ser avaliados a partir de uma perspectiva mais ampla.
Isso porque, segundo mostram os resultados de nossos cálculos mais recentes de impacto climático, é preciso ter um plano mais ambicioso se quisermos alcançar esse objetivo. E a situação aqui registrada retrata a realidade de todas as organizações.
Somos signatários de diversos marcos de sustentabilidade, entre eles o Pacto Global das Nações Unidas (UNGC) e o Carbon Disclosure Project (CDP). Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), também conhecidos como a Agenda 2030, adotados por todos os estados membros das Nações Unidas em 2015, formam a base para todo o nosso trabalho no futuro.
Também nos tornamos parceiros do The 1,5oC Business Playbook. Trata-se de uma estrutura que orienta empresas e organizações para estratégias e ações climáticas exponenciais. É também uma ferramenta concreta, baseada em achados científicos recentes, para facilitar a redução das emissões pela metade, pelo menos a cada 10 anos, e mudar o foco dos negócios para soluções de zero carbono. Um dos quatro pilares do The 1,5oC Business Playbook aborda justamente o impacto climático das soluções adotadas.
Além disso, a AFRY, grupo do qual a Pöyry faz parte, definiu uma meta não financeira de reduzir pela metade as nossas emissões de CO2 por funcionário até 2030, e estamos trabalhando para melhorar os meios de alcançá-la.
Como Grupo, continuamos a conduzir o trabalho de sustentabilidade em um nível estratégico, orientando as principais áreas sobre a necessidade de medir nosso desempenho sustentável tanto de uma perspectiva climática quanto a partir de um escopo mais amplo, por exemplo, com base em nossos Indicadores de Desempenho de Negócios Sustentáveis (SBPI) para todos os 17 ODS.
Nesse sentido, as boas práticas devem levar em conta três eixos distintos – Meio Ambiente, Sustentabilidade e Governança (ESG, pela sigla em inglês) -, e elas vêm ganhando relevância nas organizações, ajudando a resolver problemas exógenos, incluindo os que são colocados por governos que impõem metas e restrições regulatórias como forma de controlar o impacto ambiental e evitar o aquecimento global, bem como visam atender o clamor da sociedade em prol da preservação dos recursos naturais, impulsionando a busca por sustentabilidade.
Como bem pontuou o Secretário-Geral da ONU, na abertura da COP25, em Madrid, da qual fizemos parte: “Não podemos ter uma abordagem incremental, mas sim transformacional. Precisamos mudar a forma como fazemos negócios, geramos energia, construímos cidades, movemos e alimentamos o mundo. Nós estamos todos juntos nisso”.
É importante observar que, para responder a esses desafios, nem sempre as empresas dispõem de equipes de engenharia multidisciplinares capazes de avaliar, definir e executar os investimentos necessários para atender essas demandas com a agilidade que o negócio necessita.
À medida que cresce a exigência por sustentabilidade empresarial, torna-se necessário medir e monitorar sistematicamente o trabalho de sustentabilidade e os resultados alcançados.
Contar com um parceiro que disponibilize ferramentas avançadas para a gestão do negócio com foco na sustentabilidade, ofereça um profundo e abrangente conhecimento de toda a cadeia de valor envolvida e entenda a lógica de negócio das empresas tornou-se fundamental, principalmente considerando-se que a maioria das empresas não dispõe de recursos internos para isso.
Nossa experiência global nos permite compartilhar práticas sustentáveis comprovadas e desenvolver soluções inovadoras em projetos e serviços de consultoria que ajudam nossos clientes de energia, da indústria de processos e de infraestrutura a acelerarem sua transformação em direção a uma economia mais sustentável e conectada, proporcionando o aumento do handprint de suas atividades.
Ao promovermos a sustentabilidade dos nossos clientes, para que também incluam aspectos socioambientais, buscamos estimular que esses valores sejam compartilhados e adotados por toda a cadeia de valor compreendida, gerando resultados sustentáveis para os negócios, para o meio ambiente e para a sociedade como um todo. Dessa forma, respondemos aos desafios do futuro, antecipando-nos ao que ainda virá nesse ritmo de mudanças contínuas e sem precedentes.
Fábio Bellotti da Fonsecaé presidente da Pöyry no Brasil, empresa de consultoria, serviços de engenharia e projetos nas áreas de energia e infraestrutura.
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