RIO – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), defendeu, na sexta (12/4), que o Brasil aposte na exploração de urânio para enriquecimento e avanço da energia nuclear no país.
“Temos mais urânio no Brasil do que vale a Petrobras. Isso já em reservas apuradas, reservas levantadas”, afirmou Silveira, durante o Fórum Brasileiro de Líderes em Energia 2024, no Rio de Janeiro.
Em fevereiro a estatal chegou a alcançar R$ 552 bilhões em valor de mercado.
O Brasil detém a sexta maior reserva mundial de urânio, com cerca de 309 mil toneladas em reservas já conhecidas. O preço do urânio chegou a bater US$ 107 dólares a libra (cerca de US$ 200 o quilograma), em janeiro e, recentemente, está na faixa de US$ 88 dólares (US$ 165/Kg).
Silveira defendeu o avanço da energia nuclear na matriz energética e levantou a possibilidade do segmento financiar o setor elétrico. Recentemente, o governo apresentou uma medida provisória que tenta contornar parte do aumento das tarifas de energia no país, puxado, em grande parte, por subsídios e encargos setoriais.
“Somos um dos três países do mundo que temos a cadeia completa do urânio (…) Precisamos olhar para essa matriz para buscar, inclusive, nela, às vezes, até financiamento do setor elétrico brasileiro. Porque está todo mundo atrás de urânio no mundo. Urânio ganhou um valor econômico agora brutal”, pontuou.
O ministro também destacou a implementação de geradores a diesel em sistemas isolados, no Norte do país, em substituição aos geradores a diesel.
“No Brasil, num país com dimensão territorial no Brasil, não dá pra conceber que nós vamos continuar levando óleo e diesel 600, 700, 900 quilômetros de barco para os sistemas isolados”, disse Silveira.
Para o deputado Júlio Lopes (PP/RJ), não é “razoável” que o Brasil não considere a energia nuclear como uma energia limpa, ao contrário de vários países ao redor do mundo que incluem a fonte em suas estratégias de transição energética.
Segundo Lopes, a exploração das reservas de urânio no país já seriam suficientes para financiar no Brasil “o maior programa nuclear do mundo”, sem necessidade de recursos públicos.
“Temos hoje verificados e codificados 309 mil toneladas de urânio. Essa fortuna enterrada, que não é pesquisada há mais de 20 anos, faz um montante superior a 65 bilhões de dólares”, explica.
“Podemos securitizar 10 % dessa reserva e emitir papéis da INB, em qualquer praça do mundo, em Londres, em Nova York, no Japão, e conseguirmos securitizar 6, 7, bilhões”.
O deputado também sugeriu a instalação de um mini reator nuclear flutuante na cidade de Belém, capaz de abastecer a eletricidade do eterno durante a realização da COP30.
“Tenho a ideia de pedir a Rosatom que envie ao Brasil, para a COP30, um reator flutuante, para que possa, durante a COP, energizar toda aquela cidade, toda aquela região e mostrar ao mundo o que são os novos reatores, os novos small nuclear reactors, e ainda mais aqueles que flutuam”.