Mercado livre de energia

Setor de mobilidade vê oportunidade para reduzir emissões com migração para o mercado livre de energia 

Aeroportos brasileiros já iniciaram movimento, mas ainda há grande espaço no segmento das rodoviárias

Lucas Harb, gerente Comercial da Echoenergia (Foto Divulgação)
“O setor aeroportuário precisa evoluir continuamente, incorporando práticas e tecnologias que favoreçam a sustentabilidade”, aponta Harb | Foto Divulgação Echoenergia

RIO – A possibilidade de escolher o fornecedor de energia elétrica está atraindo concessionárias que administram ativos do setor de mobilidade no Brasil, como aeroportos e rodoviárias, a migrarem para o mercado livre de energia

O avanço na migração ocorreu mais rápido no segmento de aeroportos. O movimento foi impulsionado pela possibilidade de adotar a compra de energia renovável, dado o contexto internacional de metas para a descarbonização do setor de aviação

De acordo com o gerente Comercial da Echoenergia, Lucas Harb, uma das peculiaridades desse tipo de cliente são os horários de consumo, dado que os aeroportos maiores costumam operar sem paradas, enquanto os menores têm maior variação na demanda por energia. 

“A questão é entender o comportamento ou o consumo como um todo, entender a fundo aquela unidade consumidora, para trazer um produto que atenda as características e a necessidade dos aeroportos”, explica. 

A companhia tem um contrato de fornecimento de energia renovável no mercado livre com a Norte da Amazônia Airports, concessionária dos aeroportos internacionais de Belém (Val-de-Cans) e de Macapá (Alberto Alcolumbre). 

Juntos, os dois aeroportos têm um consumo de energia de 1,64 megawatts médios (MWm). As unidades migraram para o mercado livre em outubro de 2023 e são atendidas por energia gerada a partir da fonte solar. Ao todo, a Echoenergia estima que a opção pela energia renovável leva os terminais a evitar a emissão de 4.245 toneladas de carbono por ano. 

De acordo com o diretor-presidente da Norte da Amazônia Airports, Marco Antônio Migliorini, o interesse na compra de energia renovável está ligado à realização da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) na região. 

“O setor aeroportuário precisa evoluir continuamente, incorporando práticas e tecnologias que favoreçam a sustentabilidade”, afirmou. 

Soluções semelhantes também foram adotadas nos aeroportos de Florianópolis (SC) e Vitória (ES), operados pela Zurich Airport Brazil. 

A concessionária implementou em maio de 2024 um sistema que permite a compra de energia elétrica no mercado livre, com o certificado de fonte renovável I-REC, para o abastecimento das aeronaves em solo, o que reduz o consumo de querosene para a turbina dos aviões e de geradores externos a diesel.

A estimativa é que a iniciativa vai reduzir a emissão anual de cerca de 1.300 toneladas de carbono no terminal de Florianópolis e de 1.200 toneladas em Vitória.

O projeto teve o apoio da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) e Associação Brasileira de Aeroportos (ABR).

“A jornada de descarbonização do setor aéreo é um compromisso amplo, que envolve companhias e aeroportos”, disse a presidente da Abear, Jurema Monteiro, em nota divulgada na época do anúncio. 

Iniciativas similares estão em curso no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, além de Brasília, Porto Alegre e Fortaleza, atendidos pela Engie. 

A busca pela descarbonização não tem ocorrido apenas entre os aeroportos concedidos à iniciativa privada, mas também entre aqueles que são operados pela Infraero. 

Em dezembro de 2024, por exemplo, o Aeroporto Santos Dumont (RJ) foi recertificado pela Airport Carbon Accreditation (ACA) pelas ações para redução das emissões de carbono, que incluem a compra de energia renovável no mercado livre. 

Rodoviárias 

O executivo da Echoenergia aponta que ainda existe um grande potencial de migração entre as rodoviárias no país. 

Segundo Harb, por terem um perfil de consumo menor, muitos terminais rodoviários somente passaram a ter a opção de migrar para o mercado livre de energia a partir de janeiro de 2024, quando o ambiente de contratação livre foi aberto a todos os consumidores de alta tensão (grupo A). 

“Tem oportunidades, tem rodoviárias que poderiam já estar também no mercado livre”, aponta. 

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