Preço da energia

Secom: Alckmin defende que BC desconsidere inflação de energia na definição da Selic

Especialista cita exemplo dos EUA, que considera “núcleo da inflação” na definição dos juros

IPI verde vai incentivar carros que poluem menos, inclusive os veículos elétricos, defende Alckmin. Na imagem: Vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (Foto: Iano Andrade/CNI)
Vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (Foto: Iano Andrade/CNI)

O vice-presidente Geraldo Alckmin defende que a inflação de alimentos e energia seja desconsiderada pelo Banco Central na definição da taxa básica de juros, a Selic, esclareceu a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em nota. 

Segundo o posicionamento, Alckmin não defende que os preços de alimentos e energia deixem de ser considerados para o cálculo da inflação em si. 

A taxa básica de juros é um dos principais instrumentos de controle da inflação. 

A nota esclarece que o vice-presidente e ministro fatores externos e de natureza pontual, como eventos climáticos adversos e tensões geopolíticas impactam os preços de forma significativa, mas não possuem uma relação direta com a política monetária e, portanto, com a taxa de juros.

O esclarecimento ocorreu depois das falas do vice-presidente na segunda-feira (24/3) durante evento do jornal Valor Econômico, no qual Alckmin defendeu que a alta de juros não resolve problemas causados por fatores climáticos, sazonais ou externos, como guerras e tensões globais.

“Não adianta aumentar juros que não vai baixar o preço do barril de petróleo. Isso é guerra, é geopolítica”, disse na ocasião. 

O vice-presidente mencionou o exemplo do banco central dos Estados Unidos, que retira esses dois índices do cálculo dos juros básicos da economia estadunidense. 

Especialista aponta necessidade de transparência

Nos EUA, a definição da taxa básica de juros ocorre a partir do “núcleo da inflação”, que reduz o peso de alimentos e energia no cálculo, explica a economista Carla Beni,professora da FGV e membro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP). 

“Os países em geral fazem seus cálculos de inflação de uma maneira próxima. Mas a forma como se utiliza esse dado para tomar decisões de política monetária pode se alterar”, afirma. 

Segundo Beni, é possível para o Brasil manter o cálculo atual do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mas levar menos em consideração os dois itens que têm muita volatilidade, energia e alimento, na decisão de política monetária. 

Ela destaca, contudo, a necessidade de transparência nesse processo. 

“Toda metodologia pode ser alterada, isso não é um grande problema, desde que não se esconda dados. Ou seja, você não vai deixar de calcular a inflação de alimentos no país, nem de energia, de maneira nenhuma, mas precisa ter muita transparência na metodologia”, diz. 

Inflação da energia em alta 

Em fevereiro, a inflação no Brasil acelerou para 1,31%, após registrar 0,16% no mês anterior, segundo dados do IPCA divulgados em 12 de março. 

Foi o maior aumento para um mês de fevereiro desde 2003. 

Segundo o IBGE, pesou sobretudo o aumento de 16,80% na energia elétrica residencial, que teve impacto de 0,56 ponto porcentual no índice.

“Essa alta se deu em razão do fim da incorporação do bônus de Itaipu, que concedeu descontos em faturas no mês de janeiro. Com isso, o subitem energia elétrica residencial passou de uma queda de 14,21% em janeiro para uma alta de 16,80% em fevereiro”, explicou o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, na ocasião.

O bônus da usina binacional foi aplicado nas tarifas de janeiro de 2025, com efeito médio de R$ 16,66 por consumidor. As distribuidoras receberam cerca de R$ 1,3 bilhão para aplicar os descontos para 78 milhões de clientes residenciais.

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