Armazenamento

Rede de transmissão brasileira tem maturidade para uso de baterias, conclui estudo da Quantum

Baterias na transmissão podem ajudar na estabilização da rede e ativação em caso de queda nas linhas

Subestação de energia (Foto Divulgação EDP Espírito Santo)
Subestação de energia (Foto Divulgação EDP Espírito Santo)

BRASÍLIA — O uso de sistemas de armazenamento de energia na rede de transmissão tem maturidade para aplicação no Brasil, concluiu uma pesquisa da Quantum Participações. Segundo a companhia, as baterias podem ter vários tipos de aplicação, como a estabilização da rede e ativação em caso de queda nas linhas, além de evitar custos desnecessários aos consumidores.

A companhia desenvolveu o estudo via Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A pesquisa testou diferentes modelagens e aplicações.

O estudo concluiu que as baterias podem trazer vantagens ao promover controle de tensão e frequência, recomposição quase instantânea em caso de desligamentos, maior flexibilidade e resiliência das linhas de transmissão e redução das tarifas, pois podem evitar despachos de termelétricas.

Um dos avanços identificados pela Quantum foi relacionado aos softwares utilizados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), tanto na gestão diária quanto no planejamento dos ativos de geração e transmissão.

“O planejador vai conseguir internalizar essa metodologia e nos futuros estudos a bateria pode figurar como uma opção, vai ter situações em que ela pode ser recomendada, vai ter situações em que não faz sentido. Nosso objetivo é que fosse possivelmente recomendar o uso das baterias e o impacto desse novo dispositivo na rede”, afirmou o superintendente Regulatório e Institucional da Quantum, Fábio Marques.

Embora veja a aplicação em diferentes níveis do setor elétrico, Marques entende que é nas redes de transmissão onde existe maior probabilidade de inserção.

“O que a gente defende é que seja feita uma análise técnica, caso a caso, onde seja mais vantajoso”, disse.

Se fosse contratado como um ativo de transmissão, o sistema de armazenamento seria remunerado através de uma receita anual permitida (RAP), assim como as linhas de transmissão e as subestações.

Mesmo assim, Barreto defende que a discussão seja aprofundada, já que as baterias são consideradas “canivetes suíços”, ou seja, têm múltiplas funções no sistema elétrico.

Especialistas têm argumentado que os sistemas de armazenamento podem ser acoplados a usinas, armazenando a carga e evitando os cortes de geração. Outro uso possível às baterias é a instalação em grandes centros de carga, auxiliando no controle de tensão, por exemplo.

“Do ponto de vista da transmissão, eu entendo que já tem um modelo muito pronto, caso tenha algum projeto que a EPE entenda que seja viável. A gente vê isso muito próximo, não tem grandes obstáculos. Já com relação a outras aplicações, eu acho que aí sim a gente precisa robustecer a regulamentação, de fato entender como é que se daria a remuneração do que a bateria está entregando”, afirmou.

Regulamentação em curso

Atualmente, os sistemas de armazenamento estão em discussão em uma consulta pública na Aneel. A agenda regulatória da agência prevê a regulamentação do tema ainda em 2025.

O Ministério de Minas e Energia (MME) prepara as diretrizes de um leilão específico para armazenamento para o suprimento de potência, independentemente do leilão de reserva de capacidade, que enfrenta questionamentos judiciais.

O superintendente da Quantum chama atenção para que o poder público delimite mais claramente os sinais locacionais desse certame. Ou seja, que sejam indicadas melhores localidades para instalação de baterias. 

Atualmente, os debates apontam para a neutralidade, com o mercado escolhendo onde seria vantajoso implantar os sistemas.

“A única crítica que a gente faz é que deveria ter um sinal locacional da inserção. Não poderia ficar de forma tão aberta como está, mas o desenvolvimento que foi feito neste projeto de P&D contribui para essas discussões”, completou.

Inscreva-se em nossas newsletters

Fique bem-informado sobre energia todos os dias