Agendas da COP

Próxima década será chave para eletrificar consumo, diz Nicola Cotugno, da Enel

Companhia espera ver um salto no transporte público eletrificado no Brasil já em 2022 

Nicola Cotugno é country manager da Enel no Brasil. Foto: Cortesia
Nicola Cotugno é country manager da Enel no Brasil. Foto: Cortesia

Os próximos dez anos serão chave para “buscar o caminho correto e eletrificar o consumo”, afirma Nicola Cotugno, gerente Nacional da Enel no Brasil. Segundo o executivo, o período será decisivo para avançar na mobilidade elétrica em larga escala e eficiência.

“Uma coisa que já estamos prontos a fazer é mobilidade elétrica. É uma realidade que vai se viabilizar já no final deste ano e início do próximo ano no Brasil com a mobilidade pública, que chegará a ser visível em medidas importantes”, conta.

Ele explica que a pandemia de Covid-19 atrasou algumas decisões de governos e prefeituras, mas 2022 deve começar com a entrada de projetos de transporte público que vão dar a largada também para os carros elétricos menores.

Na mobilidade particular, a companhia italiana tem desenvolvido acordos para infraestrutura de carregamento. 

Ao longo do último ano, e durante a Conferência do Clima da ONU – COP26, em Glasgow, empresas e países assumiram compromissos de chegar a 2050 com emissões líquidas zero de carbono, uma tentativa de limitar o aquecimento do planeta a 1,5ºC até o fim do século.

A questão é como chegar lá. 

“29 anos para mudar a forma de viver e usar energia é muito pouco tempo. É um desafio gigante. Por isso precisamos ter uma visão realista sobre os compromissos e ações: não dá para atrasar”.

Cotugno participou na última semana (8) dos Diálogos da Transição, série de debates promovida pela agência epbr. Falou sobre lições e desafios do setor de energia global postos pela COP26.

No Brasil, Cotugno afirma que nos primeiros onze meses de 2021 a Enel produziu 90% mais com energias renováveis em relação a 2020. A companhia opera a maior planta solar do Brasil, Nova Olinda, no Piauí.

“Geração renovável é a forma mais competitiva de gerar energia hoje no Brasil, e a melhor ambientalmente falando”.

Outra vantagem está no tempo de construção de projetos. De acordo com Cotugno, o tempo de construção de usinas de geração renovável varia de quatro meses a um ano e em diferentes regiões. 

Em contraste, outras fontes de projetos complexos podem levar até cinco anos para serem implementadas.

GD vai mudar a forma de gerenciar as redes

Conforme empresas de energia e consumidores apostam na Geração Distribuída (GD) como “a geração do futuro”, mudanças mais assertivas em termos de política pública são esperadas para 2022.

Entre elas a recente regulamentação da Aneel de usinas híbridas, as discussões da agência sobre baterias e o  marco regulatório da GD — PL 5.829/19, aguardando votação no Senado.

“Isso move uma outra necessidade: mudar a forma de gerenciar as redes”, destaca o executivo da Enel.

Para Cotugno, a distribuição não está fora da transição energética e redes mais inteligentes serão fundamentais também no desenvolvimento da mobilidade elétrica.

Ele explica que o modelo com poucos pontos de entrada de energia, das grandes usinas, e os outros milhares de pontos de saída das casas e indústrias deve ser substituído.

“Agora a energia vai entrar em muitos mais pontos, e nem sempre [de forma] previsível. Por isso precisamos de redes muito mais inteligentes para gerenciar essa complexidade. Temos que digitalizar nossas redes”.