RIO – A tendência para 2025 é de um aumento no custo de aquisição de energia elétrica pelas distribuidoras no mercado cativo, concluiu um estudo da consultoria TR Soluções. A expectativa é que o preço médio fique em R$ 270 por megawatt-hora (MW/h), alta de 9% em relação ao ano passado, segundo projeções do Serviço para Estimativa de Tarifas de Energia (Sete).
O aumento do preço no mercado regulado tende a ampliar o benefício da migração para o ambiente de contratação livre, segundo a consultoria.
O cenário é um reflexo da estiagem que afetou os reservatórios das usinas hidrelétricas em 2024.
“Neste ano, não deve ser observado superávit na conta centralizadora dos recursos de bandeiras tarifárias”, diz o diretor de Regulação da TR Soluções, Helder Sousa.
Essa conta, gerida pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), concentra os recursos recolhidos pelas distribuidoras quando há o acionamento das bandeiras tarifárias, até a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) definir o valor ao qual cada concessionária tem direito.
No começo de 2024, a conta registrou superávit de cerca de R$ 10 bilhões, devido às condições hidrológicas mais favoráveis. Esse saldo foi devolvido aos consumidores nos processos de revisão tarifária, o que levou a uma queda de 6% no custo de aquisição de energia pelas distribuidoras ao longo do ano passado.
No último ano, com a seca, o cenário foi diferente. No segundo semestre de 2024, a Aneel chegou a acionar a bandeira tarifária vermelha patamar 1, pela primeira vez em mais de três anos.
De acordo com a Associação Iberoamericana de Comercialização de Energia (Aice), os descontos no ambiente livre em relação ao mercado regulado chegam a 49% no Brasil.
Além do aumento nos preços do mercado cativo, outro fator que favorece a atração dos consumidores para o mercado livre nos próximos meses é a abertura para todos os consumidores da alta tensão, a partir de janeiro de 2024.
No mercado livre, o consumidor deixa de comprar a energia negociada pela distribuidora e passa a escolher o supridor. Segundo especialistas, os potenciais novos clientes ainda estão conhecendo melhor essa possibilidade.
Em 2024, houve uma forte migração, depois da abertura para a alta tensão, que permitiu com que 100 mil consumidores ficassem aptos a entrar no ambiente livre.
Ao todo, de janeiro a novembro, foram 23.698 migrações, três vezes mais do que o registrado em 2023. Cerca de 74% dos consumidores que fizeram o movimento são pequenas e médias empresas, como supermercados e escritórios.