Energia

Orizon vai emitir debêntures incentivadas e mira leilões de energia

No radar da empresa, está a inclusão de resíduos sólidos urbanos (RSU) na contratação de energia nova

Orizon VR vai emitir debêntures incentivadas e mira leilões de energia elétrica. Na imagem: Planta de biometano da Orizon VR, que atua na gestão de aterros sanitários e geração de biogás e eletricidade a partir de resíduos (Foto: Divulgação)
No radar da empresa, está a inclusão de resíduos sólidos urbanos (RSU) na contratação de energia nova

A Orizon Valorização de Resíduos espera participar dos próximos leilões da Aneel, de energia nova A-4 e de capacidade, caso o Ministério de Minas e Energia (MME) inclua a geração de eletricidade a partir de resíduos sólidos urbanos (RSU) nos novos certames.

“A intenção é que conforme a gente tenha os projetos avançados, que a gente consiga colocá-los no leilão e dar sequência”, explicou o diretor de engenharia e implementação da companhia, Jorge Elias, à epbr.

A empresa atua na gestão de aterros sanitários e geração de biogás e eletricidade a partir de resíduos. Chamou a atenção após ser uma das vencedoras do A-5, realizado no final de setembro – o primeiro leilão a incluir geração de eletricidade de RSU.

Para garantir a participação nos próximos leilões, ampliando seus investimentos em geração, a companhia prevê a emissão de debêntures incentivadas já nas próximas semanas.

A iniciativa vem depois da aquisição, por R $840 milhões, de cinco aterros sanitários da empresa Estre, no mês passado, e o IPO da companhia no início do ano, que movimentou mais de R$ 550 milhões.

“O mercado terá algumas surpresas nas próximas semanas (…) O financeiro já conseguiu nosso sucesso no IPO, e tem uma emissão de debênture incentivada a caminho, nas próximas semanas”, adiantou o diretor.

Segundo ele, mais 12 aterros estão em negociação para aquisição.

“Os outros doze estão em processo, desde o ano passado, em negociação, e com a melhoria da capitalização e estruturação financeira, partimos para uma agressividade maior.

Estamos projetando que até o final de 2023 tenhamos 22 ecoparques”, acredita Elias.

A estratégia de crescimento, segundo o executivo, é “pegar o que já tem pronto”, mas que possui um  potencial subaproveitado.

“Vemos mais valor que o atual operador. De um determinado ativo podemos extrair mais valor, conseguindo ser mais competitivo e agressivo”, afirma.

Aumento da capacidade para próximos leilões

Atualmente, a Orizon possui 60 MW de capacidade instalada, de energia oriunda de biogás dos aterros. Dos quais 53 MW são comercializados no mercado livre, e 7 MW no mercado de geração distribuída.

Hoje, são 14 termelétricas distribuídas pelos atuais cinco aterros sanitários geridos pela empresa. Além dos cinco aterros da Estre que ela começará a operar nos próximos meses. São eles, os aterros de  Itapevi (SP), Tremembé (SP), Maceió e Rosário do Catete (SE) e o de Paulínia (SP).

“Esse ano devemos fechar com 410 mil megawatts hora no ano, e ano que vem devo fechar 500 mil megawatts hora ano em função da ampliação das termelétricas.  Isso sem falar das novas, dos novos ecoparques, das unidades de produção independente que a gente adquiriu da Estre, nenhum deles tem geração de energia, então a gente provavelmente vai duplicar essa geração”, diz.

Elias explica que as novas unidades têm enorme potencial para produção de biogás, entretanto, ainda está em avaliação se o gás renovável será destinado a geração de biometano ou de eletricidade.

“Temos o potencial dessas UTEs perto de 75 MW, isso é mais do que a gente tem hoje. Mas não posso afirmar que tudo vai ser geração de energia, ou se parte vai sair como geração de energia e parte como produção de gás natural”, pontua.

Em Paulínia, por exemplo, a Orizon já está negociando com a Comgás a distribuição de biometano na malha de gasoduto da distribuidora, para atender a demanda do polo industrial da região.

“Para o próximo leilão A-4, em 2021, eu só consigo entrar com a energia proveniente do gás natural”.

No A-5, a orizon saiu vencedora com a  térmica URE Barueri, de geração de eletricidade a partir de oxidação de resíduos, que será construída em Barueri, São Paulo.

“Para uma nova URE, eu só terei condições de lidar novamente no final de 2022 ou em 2023, que são as novas UREs que estão em processo licenciamento”, avalia Elias.

Preço e competitividade

Segundo a empresa, o investimento na planta de Barueri, com capacidade de 20 MW, será de R$ 520 milhões e vai consumir cerca de 300 mil toneladas de resíduos por ano. A data para entrar em operação deve ser antecipada.

“Temos até janeiro de 2026 para entrar em operação comercial, o que deve ser adiantado. Como já estamos no início do processo de implantação, que leva de 35 a 40 meses, nós entraremos em operação no máximo até 2025”, afirmou o diretor.

Um dos grandes desafios da energia gerada a partir de resíduos sólidos ainda é o preço megawatt/hora (MWh). No A-5, a energia foi negociada a R$ 549,35 por MWh. Para se ter uma ideia, no leilão de A-32, realizado nesta sexta (3), o preço médio foi de 199,97 reais/MWh.

Para Elias a energia de RSU será competitiva como outras fontes antes do fim da década.

“Entre cinco e dez anos é o que a gente precisa”, diz.

O diretor descarta a necessidade de subsídio, mas defende que incentivos são importantes para permitir o crescimento desse segmento, “começando com a contratação que permite a recorrência, precificando externalidades, que te dá segurança energética”, exemplifica.

“Isso permite que a indústria cresça e crie um padrão de fornecimento e um volume. Automaticamente você consegue reduzir o preço no médio prazo, criar competitividade, e acaba podendo daqui a pouco concorrer de igual para igual com qualquer outra fonte”, conclui.