Processamento de dados

ONS vai liberar conexão de data center da Casa dos Ventos no Ceará, diz MME

O data center é um projeto conjunto da don do TikTok e da Casa dos Ventos, no Ceará, e devem começar a operar no início de 2027

Ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira em entrevista ao estúdio eixos na gas week 2025 (Foto Laura Campos/eixos)
Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), em entrevista ao estúdio eixos na gas week 2025, em 8 de abril (Foto Laura Campos/eixos)

BRASÍLIA – O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) vai finalizar nesta semana dois pareceres de conexão para data centers no Complexo do Pecém, Ceará. Os projetos são fruto de uma parceria entre Bytedance, dona da rede social chinesa TikTok, e a brasileira Casa dos Ventos.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, os empreendimentos serão conectados a partir de janeiro de 2027. Um deles, ligado à subestação Pecém II, de 230 kilovats (kV).

Uma nova subestação, a Pecém III (500 kV), será construída e abrigará a segunda conexão. Ambos os projetos são de responsabilidade da Casa dos Ventos. A instalação está prevista no Plano de Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica (POTEE), divulgado em fevereiro deste ano.

O projeto da empresa está na lista dos que foram vetados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em abril, seguindo a recomendação do ONS.

A empresa teve o recurso negado pela Aneel, já que o ONS viu risco de sobrecarga na rede de transmissão. A intenção era instalar projetos de data center e amônia verde.

“Estamos trabalhando para que os avanços na infraestrutura energética e tecnológica cheguem a todas as regiões do país. O Nordeste, com sua riqueza em fontes renováveis e localização estratégica, é um exemplo de como podemos levar desenvolvimento econômico com sustentabilidade”, afirmou o ministro Alexandre Silveira.

A Casa dos Ventos chegou a contratar consultorias independentes que apontaram a disponibilidade de pelo menos 2 GW na região do Pecém, mas ainda assim foi surpreendida pela negativa do operador.

Rede é gargalo para data centers e hidrogênio

Outro caso emblemático é o da Fortescue, que espera produzir hidrogênio verde em larga escala também no Pecém, com previsão de R$ 17,5 bilhões em investimentos e capacidade inicial de 1,2 GW, podendo chegar a 2,1 GW, que também teve um pedido de acesso à rede indeferido.

No Brasil, plantas em estados como Ceará (Casa dos Ventos, Fortescue e Voltalia), Piauí (Solatio), Pernambuco (European Energy) e Minas Gerais (Atlas Agro) tinham a expectativa de chegar à decisão final de investimento (FID) até o fim de 2025

O MME considera Pecém estratégico para os data centers por conta da proximidade de cabos submarinos de internet que conectam o Brasil a outros continentes. Além disso, energias renováveis que sofrem com os cortes de geração poderão ser direcionadas aos data centers, mas também a projetos de hidrogênio de baixo carbono.

Como a intenção é utilizar fontes renováveis, as usinas eólicas e solares poderão ser melhor aproveitadas pelos empreendimentos.

Atração de investimentos em data centers

Nesse meio tempo, o governo federal trabalha um plano para incentivar a implantação de mais data centers no Brasil. A expectativa é que o presidente Lula (PT) lance a iniciativa nas próximas semanas.

Enquanto o MME trabalha com a estimativa de que haja uma demanda nova de 15 gigawatts (GW) em data centers no Brasil até 2035, o mercado entende que a expansão pode ser mais lenta. Segundo projeções da Aurora Energy Research, o país deve ter 4,75 GW daqui a 10 anos.

Mesmo assim, a consultoria acredita que o crescimento deve seguir nas próximas décadas, com data centers, plantas de hidrogênio e carros elétricos passando de 2% para 16% da demanda de energia elétrica até 2060.

Com a política de estímulo, Brasil quer entrar na corrida global por investimentos. O maior uso de ferramentas de inteligência artificial vai intensificar a necessidade de processamento de dados.

Os Estados Unidos e a Arábia Saudita anunciaram que Google, Oracle, Salesforce, AMD e Uber prometeram injetar US$ 80 bilhões em “tecnologias transformadoras” nos dois países.

O Brasil tenta se posicionar como um destino atrativo para os data centers, já que possui uma matriz elétrica renovável. 

A transmissão de energia é um dos gargalos, já que projetos estão sendo rejeitados por risco de sobrecarga no Sistema Interligado Nacional (SIN).

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