Energia

ONS não encontra causas técnicas para apagão; PF vai abrir inquérito, diz ministro

Incidente na LT Quixadá-Fortaleza, no Ceará, operada pela Eletrobras Chesf, não poderia ter causado o apagão sozinho, segundo Operador Nacional do Sistema

ONS não encontra causas técnicas para apagão nesta terça (15/8/23) e Polícia Federal abre inquérito. Na imagem: Foto à contraluz de grandes torres com linhas de transmissão de energia ,sob céu azul com pôr do sol ao fundo (Foto: iStock)
(Foto: iStock)

RIO – O Operador Nacional do Sistema (ONS) não conseguiu encontrar causas técnicas que expliquem o apagão que deixou cerca de 30 milhões de pessoas sem luz no Brasil. A Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar o caso, informou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta quarta-feira (16/8). .

De acordo com o ONS, o apagão começou com uma falha de proteção que causou a abertura da linha de transmissão de 500kV Quixadá-Fortaleza II, no Ceará. A LT é operada pela Eletrobras Chesf. No entanto, segundo o órgão, esse incidente sozinho não poderia ter causado um apagão da magnitude do que ocorreu.

“Eu gostaria de compreender diferente, mas mais do que nunca, eu acho que é extremamente necessária a participação muito ativa da Polícia Federal nesse caso, já que o ONS não teve como apontar uma falha técnica que pudesse causar um evento com a dimensão que teve a paralisação da energia no país”, disse Silveira.

O ONS apresentou, nesta quarta, o relatório técnico no Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico. O documento apontou a falha na linha de transmissão, mas não explicou como provocou o acionamento das proteções que levaram ao corte de carga, como o Esquema Regional de Alívio de Carga (Erac) – que desligou os sistemas Norte e Nordeste do Sul e Sudeste – e que afetaram o fornecimento de todos os estados com exceção de Roraima.

“O desligamento isolado não causaria o impacto visto no SIN e este é um ponto que ainda está sendo apurado. Neste momento, as equipes do Operador seguem aprofundando a análise da ocorrência, estando prevista para o dia 25 de agosto próximo a realização de reunião com os agentes envolvidos, além do MME e ANEEL, para avaliar detalhadamente as causas e as consequências da ocorrência. Essa avaliação será consolidada em um Relatório de Análise da Perturbação (RAP), que leva cerca de 30 dias para ser concluído”, informou em nota o ONS.

PF abre inquérito

Alexandre Silveira afirmou que recebeu o Diretor-Geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, nesta quarta-feira. Segundo o ministro, a Polícia Federal vai abrir um inquérito para apurar as causas do apagão. Segundo ele, no entanto, não é possível saber ainda se houve uma falha proposital, falha humana ou outro problema.

“Não se pode ainda dizer se foi uma falha humana por lançamento no sistema do projeto de engenharia ou se foi uma falha sistêmica. O fato é que essa falha em si, o nosso sistema é muito resiliente, trabalha em N-1, tem redundância. Essa falha em si não seria capaz de causar um evento de tal magnitude. Portanto, todas as hipóteses têm que ser aventadas e a participação de órgãos de fiscalização e controle administrativos serão feitas pelo Ministério das Minas e Energia e a Polícia Judiciária.”

O que diz a Eletrobras Chesf

A Eletrobras informou, em nota, que o desligamento da linha aconteceu por “atuação indevida do sistema de proteção, milissegundos antes da ocorrência”.

A empresa afirmou que a manutenção dessa linha “está em conformidade com as normas técnicas associadas”.

A companhia reforçou as afirmações do ministro e do ONS que o desligamento da linha de transmissão, de forma isolada, “não seria suficiente para a abrangência e repercussão sistêmica do ocorrido”.

“A Eletrobras assegura que continua colaborando para a identificação das causas da perturbação, de natureza sistêmica, e dos motivos que levaram aos desligamentos ocorridos no SIN, sob a coordenação do ONS.”

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