A Oncorp iniciou o comissionamento e deve começar a operar nesta semana as usinas híbridas diesel-solar instaladas nas cidades de Amajari e Pacaraima, no sistema isolado de Roraima.
As duas usinas foram arrematadas pela empresa no leilão dos sistemas isolados realizado pelo governo federal, em 2021. O investimento nos projetos, que juntos somam 10 MW e capacidade para atender 30 mil moradores da região, é de R$ 50 milhões.
A Oncorp modificou o projeto original, que previa a geração exclusivamente com diesel, para a inclusão da geração solar fotovoltaica com o uso de baterias para armazenamento da energia. A empresa Baterias Moura é a fornecedora do sistema de armazenamento.
A mudança, estima a empresa, vai gerar uma economia de 17,5 milhões de litros de diesel, que deixarão de ser consumidos por conta da geração de energia solar. Os números representam que 47 mil toneladas de CO² deixarão de ser emitidos na operação das usinas.
“Você está tirando uma operação 100% a diesel e vai ter um equipamento de ponta e que é mais sustentável. O que vamos deixar de colocar de CO² na atmosfera é realmente significativo”, explica João Mattos, diretor executivo da Oncorp.
O projeto foi financiado pelo Bradesco, mirando a redução da pegada de carbono com a implantação do sistema híbrido.
“O Bradesco deve promover cada vez mais transações nos moldes da que foi realizada com a Oncorp, dado que contribuem com o compromisso de descarbonização das nossas carteiras de crédito e investimentos”, afirma Marcelo Pasquini, head de Sustentabilidade do Bradesco.
Empresa quer fornecer para Fernando de Noronha
A Oncorp se prepara agora para disputar o leilão de sistemas isolados previsto para outubro deste ano, onde mira a geração de energia no arquipélago de Fernando de Noronha a partir de 2025.
A ilha conta atualmente com uma usina termelétrica a diesel – UTE Tubarão, que possui três unidades geradoras de 1.286kW e uma máquina de 1.120kW, totalizando 4.978kW. Complementarmente, existe um parque gerador de contingência, com potência adicional de 2.293kW.
Noronha conta ainda com duas usinas solares fotovoltaicas, Noronha I teve seu início de operação em julho de 2014, e possui potência instalada de 402kWp. Já a usina solar Noronha II foi inaugurada em julho de 2015 e tem potência instalada de 550kWp.
As plantas são atualmente administradas pelo Comando da Aeronáutica e pela Administração da ilha, respectivamente, e a geração dessas usinas é abatida da demanda a ser suprida pela distribuidora local, que é a Neoenergia.
A Oncorp estuda usar biodiesel para iniciar o projeto, que pode ter também, no futuro, a disponibilidade do Gás Natural Liquefeito (GNL), via cabotagem, a partir do Terminal de GNL que está instalado em Suape, em Pernambuco.
“Podemos contribuir para mudar a realidade de geração de energia desse paraíso. Não é viável Fernando de Noronha continuar tendo sua energia à base de diesel”, afirma Brian Brewer, fundador e sócio da Oncorp.
No último ano, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) identificou déficit de geração a partir de 2024 no arquipélago, devido ao crescimento da carga. Também vai contribuir para o déficit a lei estadual que proíbe a entrada de veículos à combustão em Noronha a partir de agosto de 2023. Já em 2030, não será permitida a circulação de veículos movidos a gasolina, diesel e etanol.
Sistemas isolados
O Brasil possui 212 sistemas elétricos isolados em sete estados, representando uma população de 3 milhões de consumidores, segundo dados da EPE.
Sistemas Isolados são localidades elétricas que não estão conectadas ao restante do país, seja por razões técnicas ou econômicas. À exceção de Fernando de Noronha (PE), todos os Sistemas Isolados estão na Região Norte, de forma dispersa.
Para aprofundar: Sistemas Isolados no Brasil: como 0,6% é igual a R$ 12 bilhões?
Começa obra do Terminal de GNL
A Oncorp inicia no próximo mês os serviços de engenharia do Terminal de GNL do Porto de Suape, que terá capacidade de 4 milhões a 9 milhões de m³/dia de gás natural.
O projeto conta com investimentos de R$ 300 milhões e vai abastecer a usina TermoPernambuco, da Neoenergia, a distribuidora de gás do estado, a Copergás.
A empresa olha agora projetos de pequena escala para interiorizar o gás natural e estima disponibilidade para novos 2GW de energia com o gás chegará via GNL em Suape.
“A construção do Terminal de GNL abre a possibilidade de transformar o Porto de Saupe em um novo ponto de oferta de gás natural no país, comenta José Mauro Coelho, consultor da Oncorp e ex-presidente da Petrobras.