Energia

O potencial da operação a longo prazo de Angra 1

Aproveitar Angra 1 é mais do que uma estratégia empresarial. Trata-se de um dever com a sustentabilidade energética, escreve José Augusto do Amaral

Vista geral das usinas nucleares Angra 1 e 2 em Angra dos Reis, 250 km ao sul do Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)
Complexo nuclear de Angra 1 e 2, 250 km ao sul do Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

A Eletronuclear tem como um de seus projetos prioritários prolongar a vida útil de Angra 1, através da solicitação de extensão da Licença de Operação da usina junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).

A iniciativa evidencia o compromisso da empresa com a geração de energia elétrica a partir da fonte nuclear, além da busca global por soluções mais sustentáveis e eficientes no processo de transição energética.

A primeira usina nuclear brasileira entrou em operação comercial em 1985 e opera com um reator de água pressurizada (PWR), o mais utilizado no mundo. Com 640 megawatts de potência, Angra 1 gera energia suficiente para suprir uma cidade de dois milhões de habitantes.

Entretanto, se nada fosse feito pela companhia, esse potencial seria desperdiçado e a usina seria descomissionada em dezembro de 2024.

Graças a experiência acumulada pela Eletronuclear em todos esses anos, tornou-se possível realizar um programa contínuo de melhorias tecnológicas para incorporar os mais recentes avanços da indústria nuclear, permitindo que a unidade opere por mais duas décadas.

Diversos países já utilizam tal prática como uma alternativa viável à construção de novas instalações.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a recente decisão de alocar mais de US$1 bilhão para projetos similares é um exemplo dessa abordagem, que apesar de revolucionária, não é amadora.

O país possui 92 usinas nucleares em funcionamento. Quase 100% delas já estenderam sua vida útil em duas décadas e algumas já têm permissão para operar durante 80 anos.

Trata-se de uma medida capaz de aproveitar a infraestrutura já existente dessas usinas, permitindo maior economia de recursos financeiros e a manutenção de uma fonte limpa, estável e segura de energia elétrica.

Com essa finalidade, a Eletronuclear tem implementado projetos de melhorias de segurança e modernização de sistemas e equipamentos ao longo dos 40 anos de operação da usina, programando investir mais de R$3 bilhões entre 2024 e 2028.

Isso não quer dizer que a estratégia descarte a possibilidade de construção de novas usinas nucleares, como é o caso de Angra 3. Pelo contrário, a diversificação da matriz energética se dá pela incorporação de todos os caminhos e avanços possíveis.

Dessa forma, ao priorizar a extensão da vida útil de Angra 1, a Eletronuclear está alinhada com uma visão progressista que contribui para a redução das emissões de carbono e para a estabilidade do fornecimento de energia.

Em conclusão, aproveitar o potencial de Angra 1 é mais do que uma estratégia empresarial isolada. Trata-se de um dever com a sustentabilidade energética que deve ser assumido por todos os atores da sociedade para enfrentar os desafios energéticos da atualidade e do futuro.

José Augusto do Amaral é superintendente de Engenharia de Apoio à Operação e responsável pela LTO (Operação de Longo Prazo, na sigla em inglês), da Eletronuclear