Diálogos da Transição

Mundo adicionou 257 GW de renováveis em 2021

Capacidade global de geração renovável totalizou 3.064 GW no ano passado, representando 38% de toda a capacidade instalada

Mundo adicionou 257 GW de renováveis em 2021. Na imagem: Foto aérea de painéis fotovoltaicos em fazenda solar (Foto: Kev/Pixabay)
A energia solar foi responsável por mais da metade das adições renováveis no mundo, com um recorde de 133 GW, seguida por 93 GW de energia eólica, sendo 21 GW de offshore, aponta a Irena (Foto: Kev/Pixabay)

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 11/04/22

Editada por Nayara Machado
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Até o final de 2021, o mundo adicionou quase 257 gigawatts (GW) de energias renováveis, aumentando o estoque de energia renovável em 9,1%, mostra levantamento divulgado nesta segunda (11/4) pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês).

O valor ficou ligeiramente abaixo do observado em 2020, de 260 GW (dobro em relação a 2019).

Segundo a agência, a capacidade global de geração renovável totalizou 3.064 GW no ano passado, representando 38% de toda a capacidade instalada.

“O grande estoque existente de energia não renovável significa um bloqueio de carbono para muitos países que devem enfrentar a decisão de desativar usinas de combustível fóssil antes do final de suas vidas úteis. Isso é especialmente evidente nos países que dependem quase inteiramente da geração de energia de combustível fóssil em grande escala”, alertou a Irena em comunicado.

A energia solar sozinha foi responsável por mais da metade das adições renováveis com um recorde de 133 GW, seguida por 93 GW de energia eólica, sendo 21 GW de offshore.

Juntas, solar e eólica contribuíram com 88% de toda a nova capacidade renovável em 2021.

Sessenta por cento da nova capacidade foi adicionada na Ásia, resultando em um total de 1,46 terawatts (TW) de capacidade renovável até 2021. A China liderou o movimento, adicionando 121 GW — país também puxou o repique da demanda global por carvão.

Europa e a América do Norte — lideradas pelos EUA — ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente, com a primeira somando 39 GW e a segunda 38 GW.

Na América do Sul, a expansão foi de pouco mais de 13,5 GW, com o Brasil puxando a expansão com quase 10 GW.

Destaques por tecnologia:

  • Energia hidrelétrica: O crescimento da hidrelétrica aumentou de forma constante em 2021, com o comissionamento de vários grandes projetos atrasados ​​até 2021.
  • Energia eólica: A expansão eólica continuou a um ritmo mais baixo em 2021 em relação a 2020 (+93 GW em comparação com +111 GW em 2020).
  • Energia solar: Com um aumento na nova capacidade em todas as principais regiões do mundo nos anos anteriores, a capacidade solar global total agora superou a capacidade de energia eólica.
  • Bioenergia: A expansão da capacidade líquida aumentou em 2021 (+10,3 GW em comparação com +9,1 GW em 2020).
  • Energia geotérmica: A capacidade geotérmica (aproveitamento do calor existente no interior da Terra) teve crescimento excepcional de 1,6 GW.
  • Eletricidade fora da rede: A capacidade fora da rede cresceu 466 MW em 2021 (+4%) para atingir 11,2 GW.

Francesco La Camera, diretor-geral da Irena, alerta que, para atingir os objetivos climáticos, as energias renováveis ​​devem crescer a um ritmo mais rápido do que a demanda de energia. No entanto, muitos países ainda não chegaram a esse ponto.

“Nossa atual crise energética também aumenta a evidência de que o mundo não pode mais depender de combustíveis fósseis para atender sua demanda de energia. A energia renovável deve se tornar a norma em todo o mundo. Devemos mobilizar a vontade política para acelerar o caminho de 1,5°C”.

No final de março, a agência estimou que será necessário investir US$ 5,7 trilhões por ano até 2030 em transição energética.

A cifra inclui o imperativo de redirecionar US$ 0,7 trilhão anualmente para longe dos combustíveis fósseis para evitar ativos ociosos.

Mas o ritmo e a escala atual da transição baseada em energias renováveis são inadequados, diz o estudo, e intervenções de curto prazo para lidar com a atual crise de energia devem ser acompanhadas por um foco firme nas metas de médio e longo prazo para emissões líquidas zero.

Brasil foi o 3º país que mais instalou eólicas em 2021. Foram 3,8 GW de nova capacidade — quase o dobro da média dos anos anteriores. A fonte é a segunda maior em participação na matriz elétrica brasileira.

“É uma indústria que tem atuado de forma muito eficiente e que tem alcançado resultados cada vez melhores, com um crescimento não apenas no mercado regulado, mas com forte expansão no mercado livre”, comenta Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica.

A expansão de quase 4 GW em 2021 foi o maior incremento da fonte desde 2014, quando o crescimento foi de 2.786 MW, de acordo com a Aneel. A fonte também representa pouco mais de 40% dos empreendimentos em construção de geração de energia.

As perspectivas também são positivas para a geração distribuída solar no país — apesar do planejamento energético do governo focado em fósseis.

No final de março, a geração própria de energia atingiu a marca de 10 GW de potência instalada. Segundo a Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), a expectativa é que o país ultrapasse 15 GW até o final de 2022.

Entre as fontes dos sistemas de mini e microgeração de eletricidade, a energia solar é a mais presente no Brasil, representando 97,7% do total; seguida por termoelétrica (1,2%), Central Geradora Hidrelétrica — CGH (0,87%) e eólica (0,18%).

Recife aposta em solar para reduzir custos de energia em prédios públicos. As ações fazem parte do projeto Recife Cidade da Eficiência Energética (RCEE), com orçamento previsto de R$ 90 milhões para instalação de painéis solares fotovoltaicos em edifícios públicos nas áreas da saúde, educação, esporte e no edifício-sede da Prefeitura.

Segundo o governo, o objetivo é incentivar a aprovação de novos projetos e impulsionar a adaptação de edificações existentes à condição de construção sustentável.

Para a agenda

12/4 – 4º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano vai discutir perspectivas do setor. A abertura será às 9h, no Teatro da Universidade de Caxias do Sul com a presença do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite. A programação se estende até o dia 14. Informações

27/4 – Lançamento do Sistema de Informação do Desempenho Ambiental da Construção (Sidac), plataforma que permitirá calcular a pegada de energia e de carbono de produtos de construção fabricados no Brasil. Às 9h, no webinar Promovendo edificações de baixo carbonoMME

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