BRASÍLIA — O Ministério de Minas e Energia (MME) autorizou nesta segunda-feira (24/3) a Bid Comercializadora de Energia Elétrica a importar energia a partir da Venezuela. Essa é a sétima autorização emitida pelo governo desde 2023.
Na portaria publicada no Diário Oficial da União, o MME determina que a importação deve promover redução na Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), levando em conta os preços praticados pela Bid em comparação ao custo variável unitário (CVU) das termelétricas de Roraima.
O estado ainda não está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A linha de transmissão que liga Manaus (AM) a Boa Vista (RR) está em construção e deve ser inaugurada em 2025, conforme previsão do MME.
As transações da Bid deverão ocorrer a partir da linha de transmissão 230 kV Boa Vista – Santa Elena de Uiarén, conhecida como “linhão de Guri”.
As diretrizes são similares às determinadas para outras empresas. Desde 2023, o governo fala em autorizar a volta da importação de energia para atender a carga de Roraima.
Em dezembro de 2023, a Âmbar, do grupo J&F, obteve o aval do governo para iniciar testes para importação da energia venezuelana.
Seria a retomada das importações após a suspensão determinada pelo governo de Jair Bolsonaro. Houve polêmica, à época, por conta da diferença entre os valores cobrados até 2019.
A Bolt Energy começou a importar energia do país vizinho em fevereiro de 2024. A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou a empresa a comprar um limite de 15 megawatts (MW) entre fevereiro e abril, a um custo de R$ 1.096 por MW.
Veja as empresas autorizadas a importar energia da Venezuela:
- Em dezembro de 2023, a Âmbar, do grupo J&F, obteve o aval do governo para iniciar testes para importação da energia venezuelana.
- A Bolt Energy e a Tradener receberam autorização em abril de 2024.
- Em setembro do ano passado, a Eneva também foi chancelada pelo MME.
- A Matrix Comercializadora de energia elétrica obteve autorização em outubro de 2024.
- A autorização da Infinity ocorreu em novembro passado.
- A Bid Comercializadora de Energia Elétrica recebeu aval para a importação nesta segunda (24).
Roraima ainda depende de geração fóssil
Além da importação de energia, Roraima depende de geração termelétrica local. O linhão entre Manaus e Boa Vista tem previsão de conclusão até o fim do ano.
Com a conexão à rede nacional, o estado vai deixar de emitir 1,5 milhão de toneladas de CO2 na atmosfera pela geração de energia térmica. A interligação permitirá que sejam economizados R$ 1 bilhão por ano na CCC, que é paga por todos os consumidores brasileiros.
Em visita à obra na sexta-feira (21/3), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, falou sobre a possibilidade de exportação e importação de energia, que já ocorre para países como Argentina e Uruguai. A nova linha de transmissão permitirá mais transações com países como Guiana e Venezuela.
“É a mais emblemática obra do setor elétrico brasileiro, que vai interligar 100% do nosso país, permitindo que a gente avance na integração da América do Sul”, disse.