BRASÍLIA — A meta de instalação de 800 megawatts (MW) de baterias na Estratégia Nacional de Mitigação do Plano Clima está abaixo da capacidade do país e leva em conta dados desatualizados, afirma a Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (Absae).
Divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente na sexta-feira (18/7), o plano inclui informações compiladas por outras pastas do governo federal.
Na área de eletricidade, coube ao Ministério de Minas e Energia (MME) estipular as metas, com base em estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) no Plano Decenal de Expansão de Energia 2034.
A Absae entende que a meta estipulada pela EPE leva em conta preços de referência antigos, o que distorceu a meta.
“O dado reflete as condições que a EPE utilizou de preço, que estão defasadas, e a falta de marco legal e regulatório, além de não haver previsão expressa de formas de remuneração específica”, criticou, em nota.
Na visão da associação, a tecnologia já tem valores de implantação mais competitivos. As projeções da entidade são de uma maior capacidade instalada nos próximos dez anos.
A Absae vê potencial para a contratação de 2 GW de baterias no leilão exclusivo que o governo prometeu realizar para a contratação de potência nessa modalidade. Especialistas acreditam que a negociação vai ficar abaixo de 1 GW.
A estimativa da Absae é que o Brasil vai receber R$ 41 bilhões em investimentos até 2030 em projetos de baterias.
“A Absae destaca que o armazenamento é essencial para a inserção crescente e confiável das fontes renováveis variáveis”, afirmou.
A entidade prepara um estudo sobre custos de implantação.
Além do fornecimento de potência, há outras aplicações para as baterias no sistema elétrico brasileiro, como as soluções diretas ao consumidor.
Nesse sentido, a Estratégia Nacional de Mitigação reconhece a necessidade de promover a integração eficiente de recursos distribuídos, incluindo a micro e minigeração distribuída (MMGD).
As baterias seriam uma solução para aproveitar eólicas e solares, mas também integrar a geração descentralizada e evitar o desperdício.
Leilão travado no governo federal
O MME já anunciou o interesse em promover o primeiro leilão destinado à contratação de baterias.
O certame, no entanto, deve ocorrer apenas depois do leilão de reserva de capacidade (LRCAP), destinado a termelétricas e hidrelétricas. O LRCAP estava previsto para 2025, mas foi cancelado após intensa judicialização.
Ainda não há data para a realização do novo leilão, mas a expectativa é que a negociação ocorra apenas em 2026.