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Diálogos da Transição
eixos.com.br | 17/03/22
Apresentada por
Editada por Nayara Machado
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Em pleno crescimento, o mercado global de armazenamento de energia por baterias deve chegar a US$ 37 bilhões em 2030, impulsionado pelas iniciativas de transição de fontes fósseis para renováveis. A estimativa é da Honeywell, multinacional que desenvolve tecnologias para diferentes setores, entre eles, o energético.
“A mudança chave que vai ocorrer no futuro será de matriz de termelétricas, seja a gás natural ou carvão, para as tecnologias renováveis, como solar e eólica. E o grande desafio hoje para esses mercados é manter o nível de demanda necessária dos consumidores no momento em que não há sol ou vento”, explica José Fernandes, vice-presidente de Performance, Materiais e Tecnologias da Honeywell para a América Latina.
É aí que entram em cena as baterias para armazenar energia e garantir o fornecimento em horários de pico.
Dados da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) mostram que o investimento geral em armazenamento por baterias aumentou quase 40% em 2020, para US$ 5,5 bilhões.
Os gastos com baterias em escala de rede aumentaram mais de 60%, impulsionados pelos novos investimentos em energias renováveis e pela crescente presença de leilões híbridos com armazenamento.
Por outro lado, os investimentos em armazenamento atrás do medidor — para a geração distribuída — caíram 12%. “Esses ativos são geralmente financiados por famílias e pequenas e médias empresas, que foram mais afetadas pela crise do covid-19”, diz a IEA.
Mesmo com as perspectivas otimistas para o armazenamento em grande escala, ainda existem gargalos importantes. Um deles é o tempo de duração das baterias na geração centralizada de energia.
Os sistemas hoje disponíveis no mercado são baterias de íon-lítio, que duram em média quatro horas.
“Estamos falando de baterias de escala realmente muito grande, do tamanho de contêineres. O grande desafio desse mercado é que essas baterias, normalmente, operam de uma a quatro horas. Então, você precisaria ter também um parque de baterias com a capacidade de atender a demanda de uma cidade nos momentos em que não tem geração”, diz Fernandes.
Uma das tecnologias que a Honeywell vem desenvolvendo são baterias de fluxo capazes de armazenar energia solar e eólica em grande escala e duração de até 12 horas.
“Com isso, é possível maximizar a operação de armazenamento de energia e ter a capacidade correta para distribuir essa energia nos momentos que não há geração”, conta.
A tecnologia passou pela fase de avaliação em laboratórios e agora será testada pela Duke Energy, concessionária de energia nos Estados Unidos, que fechou acordo para projeto piloto em escala de serviço público de 60 megawatts-hora a partir de 2023.
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Outro ponto é o custo. São tecnologias caras, que ainda buscam escala, mas podem compensar ao longo do tempo conforme a necessidade de descarbonizar as operações aumenta e, com ela, a demanda por energia firme.
“Os clientes que têm visto essa tecnologia como uma uma opção não têm olhado especificamente o custo da solução em si. O que eles têm visto é o custo de oportunidade. Qual é o valor para uma companhia que quer entregar um produto mais limpo, ajudando a reduzir as emissões de carbono no longo prazo?”
Fernandes afirma que essa procura vai além do mercado europeu e norte americano, e há conversas no Brasil e outros países da América Latina para desenvolver o armazenamento em grande escala.
A precificação de carbono também deve ajudar a compensar esses custos.
Segundo o executivo, os mercados de carbono regionais são importantes fatores que ajudam a acelerar a implementação desses projetos. E um mercado global será bem-vindo nesse sentido.
Ele explica que muitas indústrias, não só concessionárias de energia — celulose, cimento, siderurgia etc.— compram créditos de carbono e estão investindo em soluções energéticas para maximizar as operações e ao mesmo tempo em que diminuem as emissões internas.
Armazenamento no mundo
No Cenário Zero Líquido até 2050 da IEA, a capacidade instalada total expande 35 vezes entre 2020 e 2030 para 585 GW. Mais de 120 GW de capacidade de armazenamento de baterias serão adicionados em 2030, acima dos 5 GW em 2020, com uma taxa média de crescimento anual de 38%.
Políticas e projetos anunciados nos últimos dois anos devem ajudar a colocar o mundo nessa direção.
Na China, as adições de capacidade mais que dobraram em 2020, com impulso de projetos de integração de energia renovável e comissionamento de projetos atrasados.
Em julho de 2021, a China anunciou planos de instalar mais de 30 GW de armazenamento de energia até 2025 — um aumento de quase dez vezes em sua capacidade instalada a partir de 2020.
Nos Estados Unidos, as adições mais que quadruplicaram em 2020, lideradas por dois grandes projetos na Califórnia.
Em dezembro de 2020, o Congresso norte-americano aprovou um projeto de lei de alívio à covid-19 de US$ 900 bilhões que incluiu a extensão por dois anos do crédito fiscal de investimento solar (beneficiando implantações de armazenamento vinculadas à energia solar).
Também foi aprovada a Better Energy Storage Technology Act, autorizando mais de US$ 1 bilhão ao longo de cinco anos para apoiar a pesquisa e comercialização de uma variedade de tecnologias de armazenamento. Em janeiro de 2021, a Casa Branca emitiu uma ordem executiva comprometendo-se a alcançar um setor elétrico livre de carbono até 2035.
Na Europa, o cenário foi invertido. A queda nas instalações em escala foi compensada pela forte expansão nas instalações residenciais.
O principal mercado da Europa é agora a Alemanha, onde as instalações atrás do medidor quase dobraram.
Na Coreia do Sul, as implantações aumentaram 6% em 2020 após uma queda acentuada entre 2018 e 2019. Os subsídios federais que ajudaram o país a se tornar o principal mercado de armazenamento em 2018 foram extintos em janeiro de 2021.
Forte crescimento em instalações de armazenamento atrás do medidor também no Japão, atingindo quase 300 MW em 2020.
Enquanto a Austrália continua sendo um mercado importante para armazenamento atrás do medidor, espera-se que as implantações em escala de utilidade dominem nos próximos anos.
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