BRASÍLIA — Aproximadamente 85% dos consumidores brasileiros estão tomando medidas para reduzir o consumo energético e 84% dizem priorizar decisões com foco na diminuição dos custos de energia, mostra relatório da EY, empresa especializada em serviços de auditoria.
Em outubro de 2022, o reajuste médio nas tarifas de energia para os clientes acumulava 11,35% de aumento. Em pelo menos nove distribuidoras, o reajuste foi igual ou superior a 20%, ainda reflexo da elevação de custos para geração de energia em 2021, quando o Brasil foi afetado por uma crise hídrica.
O Energy Consumer Survey avaliou respostas de 70 mil consumidores residenciais de 18 países, entre eles: Brasil, China, Alemanha, França, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália. A pesquisa considerou pessoas com mais de 18 anos de idade, sendo 75% dos participantes ou pagadores ou titulares da conta de energia.
Globalmente, o estudo revela que somente 15% da população está satisfeita com o preço da energia elétrica e acessibilidade em termos financeiros.
Para 35%, as fornecedoras de energia elevaram os preços para obter receitas maiores, enquanto 22% responsabilizam a crise geopolítica, como a invasão da Rússia à Ucrânia, pelo aumento das tarifas.
Também aponta que cerca de 50% dos consumidores mundiais afirmam ter gastado mais com energia elétrica no último ano e mais de um terço acreditam que estão em situação de pobreza energética, ou seja, que destinam pelo menos 10% da renda para o consumo de eletricidade e/ou gás natural.
O levantamento conta com um índice de confiança do consumidor em relação ao mercado de energia, o Energy Consumer Confidence Index (ECCI, na sigla em inglês). O indicador mensura, além da confiabilidade, o otimismo quanto à transição energética e a implementação de medidas de baixa emissão de carbono no setor.
A China lidera o ranking, com 77,6 pontos, seguida da Malásia, com 70,6; e Hong Kong, com 69,2. De acordo com o ECCI, as regiões asiáticas possuem os consumidores mais confiantes do mundo acerca da comercialização de energia.
No Brasil, jovens preocupados com transição
Sobre o cenário nacional, a pesquisa evidenciou que mais de dois terços dos respondentes brasileiros estão interessados em energia renovável, geração doméstica de energia e novos produtos e serviços de energia.
Mas o percentual de consumidores dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis caiu para 47%, ante 53%, registrado no estudo anterior.
Para a amostra brasileira, foram entrevistadas pouco mais de duas mil pessoas entre abril e maio do ano passado.
O Brasil está no quinto lugar do ranking do ECCI, totalizando 65,5 pontos de confiança de seus consumidores.
De acordo com o relatório, a geração Z — pessoas com menos de 25 anos — tem o maior nível de confiança. Por outro lado, os clientes brasileiros com mais de 57 anos são os menos confiantes.
Segundo Ricardo Fernandez, sócio responsável pela indústria de Power & Utilities da EY, a tendência é que os consumidores mais jovens demandem mais iniciativas que atendam ao cenário de diversificação energética.
“O levantamento da EY indica desafios relevantes para o mercado de energia, demonstrando que o Brasil está conectado a uma agenda global, com uma parcela crescente de jovens consumidores que seguirão exigindo serviços inovadores e sustentáveis por parte das empresas”.