Energia

Lula diz que acionará AGU contra termos da privatização da Eletrobras

Presidente, contudo, afirma que reestatização da empresa não está nas prioridades nesse momento

Ministro do TCU pede mais dados sobre privatização da Eletrobras. Na imagem: Edifício sede da Eletrobras, no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)
Edifício sede da Eletrobras, no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

RIO — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta terça-feira (7/2) a privatização da Eletrobras — gestada no governo de Michel Temer e concretizada no último ano do mandato de Jair Bolsonaro. E disse que pretende acionar a Advocacia-Geral da União (AGU), para contestar alguns termos da desestatização que limitaram a influência da União na gestão da companhia e tornaram a recompra do controle da empresa mais custoso para o Estado.

Ele comentou que, se as condições econômicas favorecerem um aumento do caixa do Tesouro, no futuro, a União pode voltar a comprar mais ações da Eletrobras. Deixou claro, contudo, que esta não é a prioridade.

“Até porque o pouco dinheiro que a gente tiver, a gente vai ter que cuidar dos benefícios [sociais] que o povo está precisando que a gente faça”, afirmou, em entrevista a canais de mídia alternativos no Palácio do Planalto.

Nos preparativos para a privatização da Eletrobras, os acionistas da companhia aprovaram, no início de 2022, uma reforma no estatuto da empresa que tornam os custos de uma reestatização altos.

O estatuto passou a contar com uma cláusula “poison pill” — regra que funciona como uma proteção contra tentativas de aquisição hostil.

Pelo estatuto da Eletrobras, o acionista que passar de 30% do capital deve pagar ágio de 100% sobre o valor de compra das ações a todos os demais acionistas numa oferta de aquisição (OPA). Esse valor sobe a 200% de prêmio quando o acionista passa a deter 50% da companhia.

Condições da privatização foram “leoninas”, diz Lula

“Foi feita quase que uma bandidagem para que o governo não volte a adquirir maioria na Eletrobras. Nós, inclusive, possivelmente o advogado-geral da União, vai entrar na Justiça para que a gente possa rever esse contrato leonino contra o governo”, disse Lula.

Atualmente, a União detém – direta e indiretamente, por meio do BNDES?BNDESPar e fundos do governo – 42,61% das ações ordinárias, com direito a voto. É o principal acionista da companhia.

Mas, pelas regras atuais, os acionistas – incluindo a União – só pode ter, no máximo, 10% dos votos em assembleias de acionistas.

Lula criticou as cláusulas, previstas na mesma reforma do estatuto, que limitaram o poder de influência da União na gestão da companhia.

“Nós queremos ter mais gente na direção, mais gente no conselho”, afirmou.

Durante a transição de governo, o subgrupo de Minas e Energia, do gabinete da transição, sugeriu que o novo governo analisasse, justamente, a “viabilidade econômica, jurídica e política” de medidas que permitam à União ter direito a voto proporcional ao número de ações ordinárias na ex-estatal.

Lula disse, ainda, que não teve nenhuma conversa ainda com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG) sobre o assunto.