Há décadas se discute no Brasil a legalização do lobby. Carregada de preconceitos, a atividade de quem se relaciona com o Poder Público na defesa de interesses é fundamental para que empresas — o setor privado — e a sociedade civil organizada possam participar do processo decisório de temas que impactam diretamente seu cotidiano. Infelizmente, no Brasil, ainda se relaciona lobby à ilegalidade.
Mas isso deve mudar. A constante profissionalização da profissão, as regras de compliance adotadas pelas empresas e a necessidade da conversa clara, transparente e republicana, estão transformando o cenário.
Em 2023, o Congresso deve, enfim, aprovar uma lei que trate do tema e traga regras para que a atividade receba de uma vez por todas a importância que tem.
Para as empresas do setor elétrico, essa virada é muito importante. Como não existe a bancada da energia, as associações do setor passam por uma via-crúcis dentro do ambiente do poder.
Uma luta desigual e desgastante pelos corredores e gabinetes gastando sola de sapato e saliva na tentativa de influenciar o mundo político acerca de suas pautas. É o “lobby do bem”. Mas, que precisa ser legalizado, com regras do que se pode ou não pode.
Para ficar claro, para parlamentares, funcionários públicos e para as próprias empresas como agir de acordo com as boas práticas.
Equilíbrio de forças
O cenário hoje é favorável. E as redes sociais ajudaram a tornar esse processo mais equilibrado. No passado, quem era contra o lobby alegava existir um desequilíbrio entre as forças das grandes corporações e os pequenos entes que também precisam se relacionar dentro do ambiente do poder.
As redes sociais trouxeram para perto esses atores. A capacidade de pressão desses grupos mudou, eles ganharam mais visibilidade e espaço depois que passaram a usar também o mundo digital para cobrar atenção.
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Teremos um novo Congresso atuando a partir de fevereiro, que será responsável por tocar a legalização do lobby. Esse processo deve ser acompanhado de perto pelas associações do setor elétrico para garantir que as novas regras sejam debatidas e que tenham a participação de todos os interessados.
A comunicação dentro do ambiente do poder é complexa. No Congresso, por exemplo, é preciso falar com vários grupos de parlamentares que pensam de forma diferente e que, muitas vezes, desconhecem o tema que está sendo tratado no momento. Por isso, quem busca sucesso, deve se comunicar mais e melhor.
E não existe mais um único caminho para falar com o parlamento. A conversa deve ser travada em outros ambientes e com outros atores.
Não se trata de “usar a opinião pública” para pressionar o governo ou o Congresso, mas fazer o debate aberto, sabendo que isso terá efeito sobre as políticas públicas.
Sai a conversa ao pé de ouvido, nos bastidores. Entra o debate feito com a luz acesa, na mídia e nas redes sociais. Ganha quem tiver melhores argumentos. E quem souber comunicar melhor.
Para aprofundar:
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