Com Agência Brasil
O leilão de energia para o sistema isolado de Roraima contratou 293,8 MW de potência de nove projetos de geração previstos para operar a partir de junho 2021. Foi o primeiro leilão do tipo realizado pela Aneel, com o objetivo de reduzir a dependência energética do estado, que não está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
A previsão de investimento nos projetos é de R$ 1,62 bilhão, em especial na termelétrica Jaguatirica II (117 MW), negociada pela Eneva, que será o maior projeto a atender o mercado da Boa Vista Energia, distribuidora que atua em Roraima.
O projeto da Eneva será desenvolvido a partir do campo de gás natural de Azulão, que a companhia comprou da Petrobras, na Bacia do Amazonas.
Também serão instalados projetos híbridos, usando biocombustível e energia solar (62 MW de potência instalada), biocombustível e biomassa (13 MW) e cavaco ou resíduo de madeira (40MW). E há um projeto de geração a diesel (42 MW)
O preço da energia negociada no leilão variou de R$ 670/MWh a R$ 825/MWh para os projetos a partir de gás e fontes renováveis, representando um ganho expressivo frente ao custo de R$ 1.287/MWh dos gerados a diesel que atendem atualmente a capital Boa Vista. A UTE a diesel da Oliveira vendeu a R$ 1.059,17/MWh. De acordo com comunicado do MME, de ontem, custo total de geração com térmicas a óleo diesel atinge R$1,9 bilhão ao ano.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o estado tem pago R$ 1,28 mil pelo megawatt/ hora (MWh) gerado pelas termoelétricas a diesel. O valor médio do MWh das plantas vencedores da concorrência ficou em R$ 833, o que também significa um deságio de 22,7% em relação aos preços de referência estabelecidos para a concorrência.
A situação de Roraima ficou mais crítica com a crise na Venezuela, que levou a suspensão da importação de energia contratada com a estatal do país vizinho – contrato que já tinha um histórico de problemas operacionais e comerciais, agravados pelas sanções americanas impostas ao regime de Nicolas Maduro.
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Linhão Manaus-Boa Vista
A solução definitiva para Roraima seria a integração com o SIN, por meio da extensão do Linhão de Tucuruí no trecho Manaus–Boa Vista. Contudo, por dificuldades financeiras e de licenciamento o projeto, contratado em 2011, não saiu do papel. É uma outorga de um consórcio formado por Eletrobras e Alupar.
Roraima é o único que não está interligado. Há uma impasse envolvendo os índios waimiri-atroari, que habitam na região. O motivo é o traçado previsto para o linhão, que dos 721 quilômetros da malha, cerca de 123 quilômetros passam dentro da Terra Indígena Waimiri-Atroari.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, garantiu essa semana que os documentos referentes às licenças devem ser protocolados até a próxima sexta-feira (31), e que o governo conseguiu resolver o impasse em relação aos waimiri-atroari. “Está tudo certo com as comunidades indígenas”, enfatizou.