LYON (FR) — O Brasil deve contar com a inteligência artificial para seguir buscando combater os furtos de energia, disse o sócio-fundador da Fu2re, André Sih, em entrevista exclusiva à agência eixos durante o Energy Summit, nesta quarta-feira (25/6), no Rio de Janeiro.
Segundo Sih, se os “gatos” não forem combatidos, todo o sistema elétrico brasileiro pode ser inviabilizado, já que os furtos dificultam o aumento dos investimentos das distribuidoras.
Além disso, o executivo lembrou que consumidores que fraudam a rede elétrica são ineficientes no uso da energia.
“[O furto de energia] não deve ser normalizado, por mais que a gente saiba que a tarifa é cara para a maioria de, nós brasileiros”, afirmou.
Os furtos de energia são repassados para todos os consumidores dentro das “perdas não-técnicas” da tarifa de eletricidade. Por isso, a redução das fraudes reduz o custo da energia.
A Fu2re tem parceria com distribuidoras para aplicar a Energy Watch, solução que utiliza inteligência artificial para analisar bases de dados e gerar alvos a serem inspecionados para a busca de furtos de energia.
Um dos clientes é a Light, concessionária do Rio que tem um problema histórico de altos níveis de perdas.
De acordo com Sih, a Fu2re tem encontrado muitos padrões de fraude em comércios e indústrias.
“Esse é o consumidor que causa as maiores perdas para as distribuidoras e para toda a sociedade, porque eles consomem mais”, disse.
O sistema também cruza padrões de consumo com informações externas, como bases climatológicas.
“Existe uma correlação entre fraude e temperatura. Normalmente, quando a temperatura aumenta, a fraude aumenta por conta do aumento da utilização de aparelhos de ar-condicionado”, explicou.
De acordo com o executivo, a ferramenta torna a busca mais eficiente por considerar o risco do cliente ser um potencial fraudador e o potencial da energia ser recuperada.
Tradicionalmente, a concessionária suspeitava de um fraudador após a análise do perfil de consumo e precisava de uma inspeção física para confirmar.
IA também mapeia consumo público
A companhia também tem parceria com a Light para mapeamento de ativos e iluminação pública. A empresa utiliza automóveis equipados no teto com sistema de câmeras de alta definição integrados com GPS e outros programas.
Esses veículos rodam as ruas capturando imagens da rede de distribuição de energia, que, depois, são interpretadas por inteligência artificial e visão computacional. O resultado é um inventário dos ativos e de iluminação pública que é entregue para a concessionária.
Sih aponta que o levantamento ajuda a mensurar melhor o consumo de energia em espaços públicos. Segundo ele, a IA aumenta em média 30% a produtividade nesse processo de mapeamento.
A Fu2re mapeou 500 mil pontos de iluminação pública na região metropolitana do Rio e vai iniciar uma segunda fase do projeto, que vai incluir a área do interior do estado que está sob concessão da Light, chegando a quase 1 milhão de pontos.