Indústria diverge sobre MP da Eletrobras

CNI avalia que as alterações feitas pela Câmara geram controvérsia sobre os impactos, mas "não retiram a relevância da medida"

Deputados da oposição se unem para impedir privatização da Eletrobras. Na imagem, fachada de um prédio da Eletrobras
Deputados da oposição se unem para impedir privatização da Eletrobras

BRASÍLIA — Entidades e associações do setor industrial manifestam opiniões divergentes sobre a aprovação da MP 1031, da privatização da Eletrobras.

Nesta quarta (16), no dia previsto para votação do texto no Senado, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) declarou apoio ao texto atual da medida, como foi aprovado na Câmara dos Deputados.

Em nota, a entidade avalia que as alterações feitas pela Câmara dos Deputados geram controvérsia em relação aos impactos, mas “não retiram a relevância da medida”.

A CNI destaca que a transferência da Eletrobras à iniciativa privada trará vantagens competitivas, maior eficiência no setor elétrico e menor ingerência política na gestão da empresa.

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“Segundo estimativa do Ministério da Economia, a contratação de energia das térmicas movidas a gás é fundamental para a recuperação dos reservatórios, já vazios há 8 anos, e garantir a segurança do sistema elétrico”, diz a nota da CNI.

“No mesmo sentido, a obrigação de contratação de energia das pequenas centrais hidrelétricas é necessária para manter o equilíbrio energético, com a vantagem extra de ser uma fonte renovável”, afirma.

O argumento é semelhante ao que vem falando o secretário de Desestatização do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord. Nas redes sociais, o secretário considerou como “muito bom” o texto final aprovado pelos deputados no mês passado e tem argumentado que a contratação de térmicas não terá impacto tarifário.

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Por outro lado, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) avalia que a medida provisória da forma como está pode gerar um prejuízo de R$ 400 bilhões aos brasileiros, dos quais R$ 300 bilhões seriam de alta nas contas de luz em 30 anos.

Apenas a contratação de térmicas inflexíveis, como consta na versão atual da MP, pode elevar em R$ 50 bilhões os custos nas tarifas, segundo a federação.

“É um mercado monopolista. Os brasileiros não podem trocar de companhia em busca de uma melhor oferta”, afirma a Fiesp.

O MME afirmou em nota que a estimativa supera todo o investimento previsto para a cadeia de geração, transmissão e distribuição até o fim da década, “em uma suposta narrativa de aumentos da conta de luz”.

“Inicialmente, ressalta-se que este montante, de R$ 400 bilhões, representa mais do que a soma de todos os recursos a serem investidos no Setor Elétrico até 2030, estimados em R$ 365 bilhões, conforme consta do Plano Decenal de Energia (PDE) 2030”, diz o MME em resposta à informação publicada originalmente pela Folha de S. Paulo.

O ministério publicou na semana passada uma estimativa de redução de custos para os consumidores de energia, uma forma de rebater as críticas do setor elétrico e reforçar a defesa da MP 1031.

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) aponta, também em comunicado, que é preciso mudanças no texto da medida provisória para que a capitalização da Eletrobras consiga garantir estímulo a novos investimentos privados de forma menos onerosa.

Eles defendem que sejam retirados a previsão de contratação de termelétricas, bem como a inclusão da construção de gasodutos com recursos da CDE.

Pedem também que os recursos que forem destinados a modicidade tarifária possam ser divididos entre mercado cativo e livre, o último onde se encontra maior parte do consumo de energia elétrica da indústria.

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