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Incentivos para debêntures de infraestrutura podem atrair novo perfil de investidor para o setor de energia, dizem especialistas 

Presidente Lula sanciona sem vetos lei que incentiva captação de investimentos para infraestrutura

Incentivos para debêntures de infraestrutura, em lei sancionada por Lula, podem atrair novo perfil de investidor para o setor de energia elétrica, dizem especialistas. Na imagem: Técnicos inspecionam linhas de transmissão de energia da Terna Brasil (Foto: Divulgação)
Linhas de transmissão de energia (Foto: Divulgação Terna Brasil)

RIO – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou sem vetos nesta quarta-feira (10/1) a lei 14801/2023, com incentivos para a emissão de debêntures para investimentos em infraestrutura por concessionárias de serviços públicos.

A medida tem potencial para atrair investidores institucionais e grandes fundos internacionais, além de fundos de pensão e previdência, para investimentos de longo prazo nos setores de energia elétricapetróleo e gás natural, dizem especialistas.

A lei prevê benefícios tributários para os emissores dos títulos, numa dinâmica diferente das debêntures incentivadas, que concedem isenções ao comprador dos papéis.

As novas debêntures podem ser emitidas até o fim de 2030, por sociedades de propósito específico, concessionárias, permissionárias, autorizatárias ou arrendatárias, que vão poder deduzir da base de cálculo do IRPJ e CSLL até 30% da soma dos juros pagos pelos títulos.

Uma das vantagens da medida é a dispensa de aprovação ministerial prévia para os setores que forem enquadrados como prioritários. Além disso, a lei também prevê a possibilidade de criação de mecanismos para redução do risco cambial para os investidores.

A regulamentação da lei com a definição dos setores prioritários deve sair em até 30 dias. Há expectativa de que os segmentos de energias renováveis e saneamento estejam no foco dos incentivos.

Para o relator do projeto na Câmara dos Deputados, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), o setor agropecuário também deve se beneficiar dos incentivos.

“As debêntures vão ajudar a ter mais investimentos no setor de logística e infraestrutura, auxiliando no escoamento, transporte e armazenagem”, afirmou em nota divulgada hoje pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

Projetos típicos do setor de energia

Especialistas explicam que a medida amplia as opções de financiamento para projetos de infraestrutura no país.

“O que se espera é que as companhias ofereçam taxas mais atrativas para os títulos. Com isso, esse novo tipo de debênture deve atrair novos investidores, como fundos de pensão”, diz o advogado do Kincaid Mendes Vianna Advogados, Felipe Castilho.

Os incentivos fiscais, assim como a possibilidade de medidas para recomposição cambial, ajudam a tornar as debêntures de infraestrutura mais atraentes sobretudo para grandes fundos internacionais.

Entretanto, as deduções previstas estão sujeitas às leis de diretrizes orçamentárias, o que pode levar a limitações para o aproveitamento do benefício. 

“A ideia é permitir ao emissor do título a possibilidade de ofertar ao mercado uma rentabilidade maior. Isso com certeza vai atrair fundos de pensão e previdência, que no mundo inteiro costumam ser grandes investidores em infraestrutura”, explica o especialista na área de projetos privados e sócio do Toledo Marchetti Advogados, Rodrigo Petrasso.

“Para o setor de energia, que costuma ter um retorno de longo prazo, a lei cai como uma luva”.

Há potencial para aumento do interesse por parte de grupos que já vinham ampliando investimentos em transmissão e geração de energia no país, como investidores chineses e indianos.

Também pode haver maior interesse para investimentos em energias renováveis no Brasil por parte de investidores institucionais europeus e americanos, afirma Petrasso.

“Esses fundos costumam representar, junto com os bancos de fomento, os principais agentes financiadores de obras de infraestrutura na Europa, Estados Unidos e Canadá. Eles ainda não têm participação relevante no Brasil, mas acredito que a nova lei possa mudar esse cenário”, diz.