Impacto da crise na distribuição de energia ultrapassa R$ 4 bi, com inadimplência de 13% e queda no consumo

Polícia Federal investiga pagamento de propina em troca de decisões da Aneel. Na imagem: Fachada da sede da Aneel (Foto: Divulgação)
Fachada da sede da Aneel (Foto: Divulgação)

Essa newsletter é enviada primeiro
aos assinantes, por e-mail.
Assine gratuitamente

COMECE SEU DIA

Quem faz
Felipe Maciel, Guilherme Serodio e Larissa Fafá
Editada por Gustavo Gaudarde
[email protected]

em jogo

Programação: às 17h, webinar Como fortalecer a indústria onshore brasileira, com Marcio Felix (EnP), Karine Fragoso (Onip), Rômulo Florentino (Eneva) e Anabal dos Santos Júnior (Abpip).

A inadimplência na distribuição de energia elétrica disparou para 12,9% nos 30 dias entre 21 de março e 19 de abril – período que engloba o início das medidas restritivas para conter a proliferação do novo coronavírus. As perdas são de R$ 2,46 bilhões faturados, e não arrecadados.

— Na comparação com um cenário de normalidade, o impacto é da ordem de R$ 4 bilhões. Nesses 30 dias de crise, o setor faturou R$ 19,1 bilhões e recebeu R$ 16,6 bilhões; no mesmo período de 2019, faturamento foi de R$ 20,9 bilhões e arrecadação, de R$ 20,1 bilhões, com 3,9% de inadimplência.

— Análise preliminar da área técnica da Aneel, concluída ontem (28), para subsidiar decisão sobre pedidos de grandes consumidores de energia para suspender parte dos pagamentos devidos às distribuidoras.

— A diretoria da Aneel adiou a decisão. O diretor-geral da Aneel, André Pepitone, pediu vistas do processo afirmando que é preciso chegar a uma “proposta de consenso”. O processo é relatado por Sandoval Feitosa, que demonstrou preocupações com efeitos da medida no mercado de energia.

— Dezenas de consumidores de média e alta tensões pedem a suspensão do pagamento da demanda de potência contratada, para que possam pagar apenas a energia efetivamente consumida.

Geradoras de energia calculam que impacto na tarifa de energia, decorrente da medidas de enfrentamento à crise, serão da ordem de 2,5% no mercado regulado.

— O governo trabalha na formação de uma Conta-COVID para bancar empréstimos às distribuidoras, que eventualmente teriam seus custos rateados entre os consumidores. Medida está prevista na MP 950, em tramitação no Congresso Nacional.

— Paralelamente, a Aneel avalia como reduzir o impacto na tarifa, transferindo recursos de diversas obrigações do setor elétrico para cobrir parte do rombo.

— “A Aneel tem buscado rearranjar ativos regulatórios, num esforço que pode chegar em R$ 17 bilhões. Se tivermos um montante como esse, o impacto [nas tarifas] seria baixíssimo, menos de 1%”, afirma Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) ao Valor.

— A Abrace, que representa grandes consumidores, teme contudo, que elevação no custo da energia pode ser da ordem de até 20%. Cálculos levam em conta que os R$ 900 milhões destinados pela MP 950 para subsidiar consumidores de baixa renda, com desconto de 100%, não será suficiente e mais recursos precisarão sair da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

Preços do petróleo em alta nesta quarta (29), após dados de estoques nos Estados Unidos – crescimento abaixo do esperado e queda de gasolina.

— Brent em alta de 4,79%, a US$ 21,44. Nos Estados Unidos, WTI avançava 16,37%, a US$ 14,36 dólares. Reuters

— “O mercado voltará a analisar os estoques dos EUA nesta quarta-feira, com a divulgação de números da Administração de Informação de Energia (AIE) dos Estados Unidos”, informa a agência.

A capacidade crescente de oferta de óleo, sinaliza para um cenário pós-crise de óleo barato. O ex-diretor-geral da ANP, Décio Oddone, acredita que um retorno mais significativo da demanda por petróleo só deve ocorrer a partir de 2021.

— Décio Oddone e Alexandre Manoel, ex-secretário de Energia dos Ministérios da Economia, participaram de Webinar da FGV, nesta terça (28). Íntegra no Youtube

— Alexandre Manoel afirmou que “seria prudente” aguardar o mercado se estabilizar para retornar com o processo de venda das refinarias da Petrobras, o que só deve ocorrer, segundo suas estimativas, em meados do ano que vem.

Na primeira rodada de emissões de CBIOs, 114 mil créditos de carbono foram registrados na B3. A emissão começou na segunda (27), mas até o momento não foi registrada a comercialização dos CBIOs – créditos de carbono do RenovaBio, que podem ser emitidos por produtores e revendedores de biocombustíveis.

— Nesta quarta (29), Datagro promove webinar com Miguel Ivan Lacerda e Igor Kalder sobre o início da operação do mercado de créditos de carbono do RenovaBio. Transmissão às 17h.

Produtores de biodiesel tentam junto ao MME antecipar a mistura obrigatória de 13% do biocombustível no diesel de petróleo para 1º de julho, antes do próximo leilão. Defesa é que medida terá efeito pequeno no mercado de combustíveis, mas ajudará a compensar a queda na demanda pelo biocombustível nacional.

— Pedido tem apoio de Jerônimo Goergen (PP/RS), deputado federal e presidente da Frente Parlamentar do Biodiesel.

— “Teríamos uma redução de importações e garantiríamos um aquecimento da nossa economia, que precisa ter. Essa tem sido a reivindicação do setor [de biodiesel”, afirma o deputado.

— Jerônimo GoergenMiguel Ivan Lacerda (MME) e Juan Diego Ferrés (presidente da Ubrabio) participaram de webinar produzido pela epbr, em parceria com a Ubrabio. Íntegra no Youtube

— Diego Ferrés afirmou que o setor também busca crédito para estocagem de matéria-prima – tal qual o segmento de etanol, tenta evitar perda de produtividade na cadeia de biodiesel, com interrupção de operações por falta de capacidade de absorção do biodiesel no mercado.

— Miguel Ivan defendeu uma pauta de reformas no segmento para o pós-crise (“este ano, não muda nada”), em especial a migração do atual modelo de leilão realizado pela Petrobras, em especial em um cenário de venda das refinarias.

Paulo Guedes afirmou nesta quarta (29) que as exportações brasileiras para a Ásia estão crescendo, compensando parte dos efeitos da crise na economia brasileira e que o impacto do comércio exterior no PIB será menor.

— O ministro, que participou de transmissão promovida pela GS&MD, com Abílio Diniz, pediu que os empresários mantenham o fluxo de pagamentos para distribuidoras de energia e telefonia. Valor

Ontem, o ministro da Economia disse a empresários do Rio que há espaço fiscal para elevar o orçamento de investimento do ministério da Infraestrutura em R$ 4 bilhões, para R$ 12 bilhões em 2020.

— E citou a negociação com Davi Alcolumbre para aprovação do PLP 149, o pacote de ajuda aos estados: a contrapartida será o congelamento do salário do funcionalismo por 18 meses. Valor teve acesso a trechos da reunião com a Firjan.

A Firjan vai lançar uma campanha por elevação do uso do gás natural no estado – com queda nos preços do petróleo, o energético ficará mais barato ao longo do ano. Foco será no consumo industrial de gás. Estadão

Carlos Langoni, consultor próximo de Paulo Guedes, defende mudanças na legislação do mercado de gás natural e para o setor de saneamento, como peças-chave para atrair investimentos e acelerar a economia no pós-crise. Entrevista a O Globo.

— “Se houver avanços, principalmente em marcos regulatórios em setores-chave de infraestrutura, os investimentos diretos estrangeiros, de longo prazo, vão continuar vindo (…) Existem duas peças importantes nesse sentido. A nova lei do gás e o marco regulatório do saneamento”. Temas são discutidos no Congresso Nacional.

— Langoni foi um dos consultores que subsidiou o Ministério da Economia na elaboração das diretrizes do Novo Mercado de Gás, que prevê mudanças legais e regulatórias, inclusive nos estados, com a promessa de ampliar o consumo do gás e reduzir preços, destravando investimentos.

Serviços voltados para caminhoneiros foram incluídos no decreto que define atividades essenciais durante a crise de covid-19, incluindo comércio de vens e serviços em estradas e rodovias. DOU

A Evoltz Participações, do fundo Texas Pacific Group, assinou o contrato para compra de 49,5% da Eletrobras na Manaus Transmissora de Energia (MTE). Negócio de R$ 250 milhões. Estadão

O Consórcio Smart Luz assinou o contrato da Parceria Público-Privada (PPP) para serviços de iluminação com a prefeitura do Rio de Janeiro. Serviço terá duração de 20 anos e prevê investimentos de R$ 1,4 bilhão

— Em dois anos, previsão é que toda a iluminação pública da cidade seja 100% por LED. Contrato prevê serviços adicionais instalação de 10.000 câmeras, 5.000 pontos de acesso wi-fi, 4.000 bueiros inteligentes e 6.000 controladores semafóricos inteligentes. Consórcio formado por High Trend, Proteres Participações, Arc, Salberg e Green Luce.

Por e-mail, você recebe também recebe diariamente a agenda das autoridades

[sc name=”newsletter”]