BRASÍLIA – O retorno do horário de verão poderia gerar uma economia de R$ 1,8 bilhão por ano, com a redução da necessidade de contratação de potência para atender aos momentos de maior consumo de energia do sistema brasileiro, concluiu o estudo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentado na semana passada ao Ministério de Minas e Energia (MME).
O operador estimou que o adiantamento dos relógios poderia levar a uma redução de cerca de 2 gigawatts (GW) de demanda nos horários de pico do consumo, no começo da noite.
O cálculo da economia leva em consideração as receitas fixas previstas para os projetos que venceram o primeiro leilão de reserva de capacidade, em 2021.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) já calcula que o sistema elétrico brasileiro vai precisar de oferta adicional de potência a partir de 2027.
O retorno do horário de verão está em avaliação pelo governo federal, em meio à crise hídrica que afeta as usinas hidrelétricas.
Segundo o ONS, a adoção da medida neste próximo verão pode resultar em uma economia de até R$ 356 milhões, pois o deslocamento da rampa de consumo seria capaz de otimizar os custos da geração solar.
Caso os relógios sejam antecipados em uma hora, a demanda máxima noturna pode cair 2,9%.
Segundo o levantamento do ONS, seria uma redução significativa no custo da operação entre os meses de outubro e fevereiro.
“Recomenda-se a implantação do horário de verão, visto que há ganhos positivos para o setor elétrico, contribuindo para a eficiência do Sistema Interligado Nacional (SIN) e, principalmente, ampliando a capacidade de atendimento na demanda de máxima no horário noturno”, resume o estudo.
As simulações consideram um contexto de poucas chuvas, com necessidade de maior acionamento de térmicas.
Numa projeção para um melhor cenário hidrológico, a estimativa é de uma economia de R$ 244 milhões.
Reações ao horário de verão
O Ministério de Minas e Energia e o Palácio do Planalto ainda avaliam a publicação do decreto que prevê o horário de verão. Na quinta-feira (19/9), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a decisão seria tomada em dez dias.
Um dos setores da economia que fez críticas à medida foi o segmento de aviação.
“A entrada súbita do horário de verão causará, por parte das empresas aéreas brasileiras, alterações de horários em cidades brasileiras e internacionais que não aderem à nova hora legal de Brasília”, diz uma nota conjunta publicada na terça (24/9) pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta), a International Air Transport Association (Iata) e a Junta de Representantes das Companhias Aéreas Internacionais do Brasil (Jurcaib).
Um dos setores que defende que a medida trará benefícios à economia é o de bares e restaurantes.