Leilão de potência

Hidrelétricas podem entregar obras no prazo para atender necessidade de potência, diz Abrage

Equipamentos necessários para a aumento de potência de hidrelétricas podem ser entregues em três anos

Marisete Dadald, presidente de Abrage, diz que hidrelétricas podem aumentar potência com contratos do leilão de capacidade
Marisete Dadald, presidente de Abrage, diz que hidrelétricas podem aumentar potência com contratos do leilão de capacidade

BRASÍLIA – O setor de hidrelétricas afirma que é possível entregar um aumento de capacidade nessas usinas dentro de três anos, prazo estimado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para a necessidade de potência no sistema elétrico, segundo a previsão da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage). 

Assim, as hidrelétricas podem destravar projetos de modernização e ampliação de potência a partir dos contratos firmados no Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP), prometido pelo governo federal para este ano. 

Segundo a Abrage é possível adicionar 18,4 gigawatts (GW) a empreendimentos existentes, com projetos de motorização de poços vazios, ampliação e instalação de novas turbinas.

Como a entrada em operação dos empreendimentos hidrelétricos negociados no LRCAP está prevista para 2028, haveria tempo hábil para a readequação das usinas até lá. A Abrage afirma ter feito contato com fabricantes e garantido a entrega em um prazo de até três anos.

“A nossa indústria é autossuficiente em toda a cadeia de bens e serviços para a geração hidrelétrica. Esse é um diferencial. Grande parte dos equipamentos que você precisa para construir ou implementar parques solares e parques eólicos precisa ser importada”, explica Marisete Dadald, presidente da Abrage. 

Existem 12 usinas hidrelétricas que já possuem a previsão de aumento no número de turbinas no projeto civil. Assim, não dependeriam de obras complexas, mas dos prazos da indústria para a entrega dos novos equipamentos. Outras duas têm a possibilidade de ampliação. Nesse caso, seria possível acrescentar 7,4 GW.

A associação aponta ainda que os projetos de repotenciação, com a substituição de turbinas obsoletas, seria capaz de agregar 11 GW na geração hidrelétrica, com ganho de eficiência.

Usinas com potencial de aumento de capacidade 

De acordo com a Abrage, 14 empreendimentos têm possibilidade de ampliação ou de receber turbinas extras. 

Ampliação:

  • Luiz Gonzaga (PE)
  • Xingó (AL/SE)
  • Cachoeira Dourada (MG/GO)
  • São Simão (MG/GO)
  • Rosana (SP)
  • Porto Primavera (SP)
  • Três Irmãos (SP)
  • Taquaraçu (SP/PR)
  • Jaguara (MG)
  • Três Marias (MG)
  • Salto Santiago (PR)
  • Foz do Areia (PR)

Possibilidade de motorização adicional:

  • Coaracy Nunes (AP)
  • Itapebi (BA/MG)

Para que esses projetos saiam do papel, é preciso que haja contratação no próximo leilão de reserva de capacidade. O próximo passo seria uma revisão na outorga existente, para acrescentar a nova potência.

A primeira edição do LRCAP foi realizada em 2021 e destinada exclusivamente a usinas termelétricas. O certame promoveu a separação entre o lastro, a potência necessária ao atendimento da carga, e a energia propriamente dita. 

Com a sinalização de que as hidrelétricas poderão participar, o setor se vê preparado para entrar no próximo leilão.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reafirmou ontem a jornalistas no Rio de Janeiro a intenção de realizar o certame ainda em 2024, mas os prazos são um desafio.

Usinas hidrelétricas reversíveis

Uma das apostas da Abrage para atender a capacidade de potência no futuro são as hidrelétricas reversíveis. Por possuírem dois reservatórios de água, essas usinas podem atuar como “baterias” para o sistema elétrico.

Atualmente, existem 179 GW de empreendimentos reversíveis em todo o mundo. A Abrage cita dados da consultoria PSR, que apontam que o Brasil tem um potencial de chegar a 38 GW de potência em empreendimentos desse tipo.

A intenção do Ministério de Minas e Energia (MME) é realizar um leilão exclusivo para baterias de armazenamento no ano que vem. Mas mesmo que a tecnologia exerça um papel parecido com as usinas reversíveis, a Abrage não acredita que a tecnologia será incluída no próximo certame.

A associação enxerga uma maior possibilidade que as usinas reversíveis sejam incluídas nos leilões no futuro, com um maior amadurecimento e adequações na legislação.

Além disso, a Abrage cobra também que projetos de grandes usinas hidrelétricas voltem a sair do papel. São 42 empreendimentos em estudo, com 30 GW de potencial. Esses projetos têm sofrido questionamentos nos últimos anos devido aos impactos ambientais, pela necessidade de alagamento de grandes áreas.