Hidrelétricas

Governo trabalha para incluir hidrelétricas reversíveis em futuros leilões de potência

Sistemas de armazenamento poderão ter produtos específicos nos próximos anos

Secretário do MME Thiago Brarral [na imagem] ressalta papel da aliança entre Brasil e China para modernização setor elétrico, durante evento do G20 (Foto Ricardo Botelho/MME)
Thiago Barral, secretário de Transição Energética do MME, fala durante encontro do G20 | Foto Ricardo Botelho/MME

BRASÍLIA — O Ministério de Minas e Energia (MME) espera incluir as hidrelétricas reversíveis nos próximos leilões de reserva de capacidade, em adição às termelétricas e aos projetos de expansão de usinas hídricas.

Para que esse cenário se viabilize, o governo espera a conclusão na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) da regulamentação dos sistemas de armazenamento, o que também inclui baterias químicas.

“Espero, em breve, termos projetos, condições técnicas e regulatórias para incluir usinas reversíveis em futuros leilões de reserva de capacidade”, disse o secretário de Planejamento e Transição Energética do MME, Thiago Barral, enquanto lia o discurso do ministro Alexandre Silveira (PSD).

O MME promoveu nesta quinta-feira (20/3) um seminário com agentes do mercado, Aneel, Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A Associação Brasileira de Geradoras de Energia (Abrage) também participou do evento.

A ideia era entender se há planos de usinas reversíveis viáveis e em fase já avançada de estudos. Essas usinas são uma modalidade de geração que pode garantir energia elétrica despachável em momentos de maior necessidade do sistema.

O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, falou sobre a necessidade de definir normas o quanto antes, de maneira que as tecnologias de armazenamento sejam viabilizadas. 

Em visita à Europa, o diretor-geral conheceu empreendimentos que enfrentaram dificuldades para a implantação.

“O interessante, para nós termos ideia do desafio que vamos ter aqui, é que em Portugal, houve uma usina licitada em 2007, a construção começou em 2014 e foi concluída em 2024. Obviamente houve alguns problemas lá, mas é importante que todos nós conheçamos essa essa jornada, para que a gente possa desviar esses problemas. O fato é que há uma grande jornada pela frente”, afirmou.

Feitosa acrescentou que não vê as usinas reversíveis como concorrentes às baterias químicas. Pelo contrário, acredita que as tecnologias são complementares.

Conciliar os interesses do sistema elétrico e dos agentes do mercado é uma das principais questões, na visão do diretor de Operação do ONS, Christiano Vieira.

Para Viera, os sistemas de armazenamento podem representar uma boa solução para um momento de dificuldade.

“Ter tecnologia extra para despachar vai ser importante, já que a ponta [da demanda] está cada vez mais cara e mais desafiadora de ser cumprida”, afirmou.

O evento teve ainda apresentações do chairman da usina chinesa Três Gargantas, a maior hidrelétrica do mundo, e do vice-CEO da Associação Internacional de Energia Hidrelétrica, Pablo Valverde.

O próximo leilão de reserva de capacidade, marcado para 27 de junho, terá produtos destinados a térmicas novas e existentes, além de projetos de expansão de hidrelétricas já construídas. A expectativa do governo é realizar um leilão exclusivo para baterias no segundo semestre de 2025.

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