O futuro do varejo é reduzir a oferta de produtos únicos e passar a oferecer cada vez mais uma gama de produtos e serviços, o que vai se refletir também no mercado de energia, na visão do CEO da Genial Energy, Sérgio Romani.
Para o executivo, o mercado de energia tende a oferecer “combos” de produtos, como já tem ocorrido no setor de telefonia, por exemplo, com a negociação de planos de telefone, televisão e internet.
Segundo ele, o grupo Genial aposta nesse tipo de oferta como um diferencial no mercado livre de energia. Por ser uma instituição financeira, a empresa consegue oferecer outros produtos e serviços para os clientes que escolhem migrar para o mercado livre por meio da sua comercializadora.
“O nosso objetivo é prover soluções para os clientes. Por que não prover soluções via energia, que é um mercado hoje extremamente promissor no Brasil?”, diz Romani.
De cartão de crédito a kilowatts
Hoje, o grupo atua na comercialização de energia com clientes do varejo, de menor porte, e do atacado, os grandes consumidores.
“Eu tenho aqui financiamento, fluxo de caixa, crédito, conta bancária, cartão de crédito, crédito colateral. Então tem muita coisa que a gente pode fazer para os clientes”, aponta o CEO.
Na visão do executivo, os serviços e produtos relacionados a seguros também podem interessar aos clientes do mercado de energia, por exemplo.
“O nosso objetivo não é só ser o provedor de energia, o gestor de energia, mas sim uma plataforma que vai atender o cliente como um todo, na parte financeira”, acrescenta.
No mercado livre de energia, o consumidor pode escolher o fornecedor de energia elétrica, em uma contratação direta com o gerador ou por meio de uma comercializadora. No Brasil, esta opção passou a ser aberta a todos os consumidores de média e alta tensão em janeiro de 2024.
Genial triplicou a base de clientes de energia
Com essa abertura, a Genial triplicou a base de clientes este ano, chegando a cerca de 500 consumidores. A intenção é encerrar o ano de 2024 com 600 unidades consumidoras sob gestão.
Segundo Romani, a captação de novos clientes ocorre também por meio de parcerias institucionais e em colaboração com as outras áreas do banco.
O grupo Genial entrou no mercado de energia com a compra da Celer Comercializadora, em 2017, da qual Romani foi um dos fundadores. Na época, o banco se chamava Brasil Plural.
Inicialmente, o objetivo era atuar nas negociações de energia, para ampliar a rentabilidade dos acionistas. Hoje, esse segmento cresceu e há expectativa de lançar um fundo de investimentos.
“A gente precisa que o mercado ganhe um pouco mais de tamanho para que faça sentido essa captação e rentabilizar esse capital”, diz Romani.
Mais recentemente, a Genial entrou também no mercado de geração distribuída, com foco nos consumidores de pequeno porte.
As operações incluem tanto o financiamento das plantas de geração para geração distribuída quanto a venda dessa energia para os clientes finais, que buscam reduzir o preço das contas de luz. A maior parte das usinas do grupo está no interior do estado do Rio.
“Cada um desses pilares conversa entre si. O trading não só tem a vida própria, através da rentabilidade do capital e, futuramente, um fundo de investimento, mas ele também compra energia e vende para o meu cliente de mercado livre, assim como a minha geração não só rentabiliza o capital do acionista, mas também a gente pega essa energia e vende para o cliente Genial”, explica o CEO.