Energia

Fluxus, dos irmãos Batista, anuncia investimento de US$ 100 milhões na Bolívia

Previsão da empresa é aumentar a produção de gás de 100 mil m3/dia para 1,1 milhão de m3/dia até 2028

Fluxus, subsidiária de óleo e gás do grupo J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, anuncia investimento de US$ 100 milhões na Bolívia. Na imagem: Irmãos Wesley e Joesley Batista, donos do grupo J&F (Foto: Montagem)
Irmãos Wesley e Joesley Batista, donos do grupo J&F (Foto: Montagem)

BRASÍLIA – A Fluxus, subsidiária de óleo e gás do grupo J&F, dos irmãos Batista, anunciou que investirá US$ 100 milhões na Bolívia até 2028. O valor será aplicado na ampliação da produção em três campos recém-adquiridos pela empresa brasileira no país vizinho.

A previsão é aumentar a produção de 100 mil m3/dia para 1,1 milhão de m3/dia de gás natural. A empresa também avalia investir em atividades de exploração de gás em novas áreas da Bolívia, informou o presidente da Fluxus, Ricardo Savini.

Em junho, a companhia adquiriu a Pluspetrol Bolívia, ampliando a atuação da J&F na América do Sul. Em 2023, já havia entrado na produção de óleo e gás da Argentina.

“Também seguimos prospectando investimentos na Argentina, no Peru e na Venezuela, sempre na direção de nos consolidarmos como uma plataforma sul-americana de óleo, gás e energia”, afirmou Savini, em nota.

Bolívia tenta atrair investidores

O anúncio de investimentos na Bolívia ocorre em meio à visita oficial do presidente Lula ao país vizinho.

O encontro com o presidente boliviano Luis Arce, previsto antes mesmo da tentativa de golpe no país, tem como pano de fundo uma agenda conjunta que envolve, do lado brasileiro, a tentativa de negociar condições de acesso a gás competitivo (boliviano e argentino, via Gasbol)

Do lado boliviano, a tentativa de atrair investimentos brasileiros para a recuperação de reservas de gás.

O governo de Arce tem acenado para uma agenda de reformas – a nova Lei de Hidrocarbonetos é a promessa de prioridade para depois das eleições de 2025, para atrair investimentos estrangeiros.

J&F amplia parque de termelétricas

Savini destacou, ainda, que o gás boliviano será essencial para o abastecimento do mercado brasileiro, no qual o grupo J&F vem ampliando a sua participação no setor de geração de energia a gás.

Em junho, a Âmbar Energia, que também pertence ao grupo dos irmãos Batista, fechou acordo para a compra do parque de térmicas a gás da Eletrobras, numa transação de R$ 4,7 bilhões.

A compra vai mais que dobrar o tamanho do parque de geração a gás da Âmbar, para cerca de 3,4 GW. Com isso, a empresa se torna dona do 3º maior parque de termelétricas a gás do país, atrás somente da Petrobras (5,3 GW) e Eneva (3,8 GW).

Na sequência do anúncio da aquisição, o governo editou a Medida Provisória 1.232/2024, que abre caminho para venda da Amazonas Energia – da qual a Âmbar se tornou credora na operação da compra das térmicas da Eletrobras.

De acordo com a MP, caso a Aneel reconheça a perda de condições para prestação do serviço, poderá ser aprovado um plano de transferência do controle societário como alternativa à extinção da concessão, com assinatura de termo aditivo. Caberá à agência analisar o plano, que deverá ocorrer por valor simbólico.

A MP entrou no radar da oposição na Câmara. Deputados federais chegaram a se articular para a abertura de uma CPI para investigar eventual favorecimento indevido.

A Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara dos Deputados decidiu, na semana passada, promover uma audiência pública sobre a MP 1.232/2024. Na fundamentação do requerimento, Evair de Melo (PP/ES), disse querer apurar o suposto favorecimento aos irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da Âmbar Energia. Melo foi vice-líder do governo Bolsonaro.

O Ministério de Minas e Energia (MME) defende que as soluções para a Amazonas Energia vinham sendo estudadas desde o ano passado. O ministro Alexandre Silveira (PSD) se defendeu afirmando que não teve qualquer relação com o negócio fechado pela Âmbar.