Em um momento em que o Brasil possui simultaneamente uma taxa Selic elevada e sucessivos reajustes na energia elétrica, a decisão sobre onde investir ou economizar exige uma análise mais profunda do que nunca.
De um lado, o custo do crédito encarece o financiamento; de outro, a conta de luz se tornou um dos itens mais imprevisíveis e onerosos do orçamento das famílias e empresas. Nesse equilíbrio delicado entre juros e preço da energia, o financiamento solar surge como uma estratégia de proteção econômica e patrimonial para o futuro.
Com a Selic em 15% ao ano, o custo do financiamento naturalmente aumenta. No entanto, o consumidor que analisa apenas o juro nominal corre o risco de ignorar um ponto crucial: o gasto com energia elétrica é volátil, recorrente e crescente.
No setor elétrico, as projecções recentes revelam que a tarifa de energia deve ter um reajuste médio de 6,3% em 2025, acima da inflação esperada para o ano.
O que hoje parece uma despesa “segura” é, na verdade, um passivo exposto a bandeiras tarifárias, crises hídricas, encarecimento de térmicas, entre outros eventos, que empurram a tarifa para cima, frequentemente acima da inflação.
Ao trocar a conta de luz por uma parcela fixa de financiamento, o consumidor transforma uma despesa variável e eterna em um investimento previsível e finito, que se paga com o passar do tempo.
Mesmo com juros em alta, o projeto costuma se sustentar quando há boa insolação, tarifas elevadas e um investimento competitivo. O essencial é comparar a economia líquida da fatura com o valor da parcela e entender o prazo de retorno — o chamado payback.
Em muitos casos, especialmente em residências com contas acima de R$ 400 e pequenos comércios, que consomem energia durante o dia, a economia mensal já se aproxima do valor do financiamento desde o primeiro mês.
Naturalmente, nem todos os casos são iguais. A decisão deve considerar fatores como área disponível, nível de sombreamento, tarifa efetiva e condições do financiamento. Mais importante do que perseguir uma taxa de juros específica é compreender o conjunto, que envolve desde prazo e custo total efetivo (CET), até garantias e qualidade do instalador.
Um erro comum cometido pelas pessoas é avaliar o projeto de forma otimista demais, ignorando custos fixos e possíveis variações regulatórias. Realizar uma análise realista e conservadora é sempre mais saudável financeiramente.
A verdade é que, mesmo em tempos de Selic nas alturas, o financiamento solar continua sendo uma alternativa racional. Ele transforma uma despesa inevitável e infinita em um investimento duradouro e com prazo final.
Enquanto a energia elétrica segue pressionada por reajustes e mudanças de bandeiras tarifárias, a geração própria se consolida como uma forma inteligente de construir previsibilidade e independência em um país que ainda depende fortemente de fontes caras e inconstantes.
Lucas Genoso é CFO da 77Sol
