Falta de prioridade no Congresso foi decisiva para renúncia, diz presidente da Eletrobras

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, apresenta os resultados do segundo trimestre e o andamento do Plano Diretor de Negócios e Gestão 2019-2023 da empresa, durante coletiva à impresa
O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, apresenta os resultados do segundo trimestre e o andamento do Plano Diretor de Negócios e Gestão 2019-2023 da empresa, durante coletiva à impresa

BRASÍLIA – O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, admitiu que a falta de prioridade do Congresso Nacional com o projeto de capitalização da Eletrobras foi importante para a sua decisão de renunciar ao cargo.

O executivo, que foi convidado para assumir a presidência da BR Distribuidora, falou em teleconferência nesta segunda (25).

Houve uma “quebra de perspectiva da prioridade” com a capitalização da empresa por parte dos parlamentares, diz Ferreira Júnior. O projeto não é prioridade dos candidatos para a presidir a Câmara e o Senado, ne sequer dos apoiados pelo próprio presidente Bolsonaro.

Na semana passada, Rodrigo Pacheco (DEM/MG) se disse favorável a privatizações no geral, mas não a um “entreguismo sem critério” no caso da estatal do setor elétrico. O senador é o candidato de Bolsonaro e de Davi Alcolumbre (DEM/AP) para ser o próximo presidente do Senado

“Tenho confiança de que [a privatização] é uma prioridade para o Ministério de Minas e Energia e da Economia. É uma condição necessária, mas, aparentemente, não é suficiente. Não me cabe questionar, mas certamente a falta de prioridade prolonga o debate desse tema mais para frente”, disse.

O executivo compartilha da cisão que o momento mais favorável para a venda do controle da Eletrobras já passou e o govern o deveria ter aproveitado o maior capital político dos primeiros dois anos.

Agora, a política tende cada vez mais a se voltar para as próximas eleições e as privatizações ainda são vistas como um tabu, com grande resistência na opinião pública, avaliou o executivo.

[sc name=”adrotate” ]

Privatização justificou permanência no governo Bolsonaro

O projeto de capitalização da empresa, que permite à Eletrobras maior capacidade de investimento com a “descotização” dos contratos de geradores, foi o principal motivo, segundo Ferreira Júnior, para que ele continuasse à frente da empresa no governo Bolsonaro.

O presidente da Eletrobras reforçou ainda que sua saída não significa um abandono da empresa.

Ele permanece no cargo por mais 45 dias para fazer a transição para a nova gestão e deve continuar no Conselho de Administração da estatal.

A empresa comunicou na noite deste domingo (24) o fato relevante aos acionistas.

Ele confirmou a jornalistas que aguarda o aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para assumir o comando da BR Distribuidora no lugar de Rafael Grisolia.

O executivo deixa a Eletrobras após mais de quatro anos à frente da estatal.

Eletrobras é prioridade, garante MME

O Ministério de Minas e Energia reafirmou nesta segunda (25), em nota, que a capitalização da Eletrobras é essencial para a recuperação de sua capacidade de investimento.

Na semana passada, o ministro Bento Albuquerque garantiu que não há prejuízo para a capitalização da empresa se a aprovação do projeto ficar apenas para o segundo semestre deste ano. 

O projeto de lei que possibilita a privatização da estatal segue parado na Câmara dos Deputados desde o final de 2019.

A capitalização da empresa foi anunciada em dezembro do ano passado como uma das nove privatizações do governo federal – e considerada por integrantes do governo como a principal, já que tinha o processo mais avançado.

[sc name=”newsletter” ]