BRASÍLIA — A Estratégia Nacional de Mitigação prevista para o Plano Clima inclui uma meta de 6,3 gigawatts (GW) em repotenciação de hidrelétricas, abaixo do potencial mapeado pelo setor.
A Associação Brasileira de Geradoras de Energia (Abrage) vê a possibilidade de expansão de 18,5 GW a partir de motorização de poços vazios, modernização de equipamentos e ampliação de casas de força.
“Com mais de 52% das hidrelétricas operando há mais de 35 anos, modernizar e repotenciar essas usinas é essencial para manter e ampliar a confiabilidade e a eficiência do sistema elétrico, sem impactos ambientais adicionais”, diz a presidente da Abrage, Marisete Dadald.
O plano foi divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) na sexta-feira (18/7). As metas da área de eletricidade foram estipuladas pelo Ministério de Minas e Energia (MME), com base em estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) no Plano Decenal de Expansão de Energia 2034.
Também houve críticas às metas estabelecidas para o segmento de baterias de armazenamento de energia.
Expansão hidrelétrica
Atualmente, a capacidade instalada total em hidrelétricas brasileiras está em 110 GW. O acréscimo de 6,3 GW corresponde a 5,73% da potência já em operação.
O Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) teve 5,4 GW registrados em 12 projetos de ampliação de hidrelétricas. Portanto, somente esses projetos já seriam capazes de alcançar 85% da meta anunciada pelo MMA.
Cancelado pelo MME por questionamentos de termelétricas, o certame previa contratar produtos hidrelétricos com entrada em operação em 2030. Ainda não há data para a realização do novo leilão, mas a expectativa é que a negociação ocorra apenas em 2026.
A Abrage defende a retomada de projetos de grandes hidrelétricas no Brasil, interrompidos devido a questionamentos pelos impactos ambientais. Além disso, também destaca a possibilidade de implantação de usinas reversíveis, que têm dois ou mais reservatórios.
Em nota, o MME informou que estão sendo conduzidos debates relacionados à expansão da capacidade das hidrelétricas e à implantação de usinas reversíveis.
“Na avaliação do MME, as hidrelétricas são ativos de papel fundamental na operação do SIN [Sistema Interligado Nacional], que podem contribuir para atendimento dos requisitos de energia e potência do sistema, além da crescente necessidade de flexibilidade operativa. Por esse motivo, esses empreendimentos tendem a se valorizar, em apoio ao aumento da participação de fontes renováveis variáveis, como eólicas e fotovoltaicas”, afirmou.
Matriz limpa
O diagnóstico da Estratégia de Mitigação do Plano Clima é que o Brasil possui uma matriz energética de 47,2%, superior aos 12,6% da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em 2022, a energia respondeu por 20% das emissões de gases do efeito estufa, o que equivale a 418,4 milhões de toneladas de CO2.
O relatório também cita a necessidade de ampliação da eletrificação de setores produtivos, eficiência energética, aumento sustentável da produção e uso de combustíveis sintéticos e a integração do hidrogênio de baixa emissão.