Déficit de potência

Estoque de termelétricas que podem ser antecipadas acabou, afirma diretor do ONS

Sem novo leilão, operador precisou recorrer a antecipação de contratos e térmicas merchant em 2025, mas depende de mais potência para 2026

Alexandre Zucarato diretor de planejamento do ONS
Alexandre Zucarato diretor de planejamento do ONS

BRASÍLIA — O diretor de planejamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Alexandre Zucarato, afirmou que o estoque de usinas termelétricas a serem antecipadas se esgotou e reiterou a importância da realização de um leilão de potência para atender à carga.

Após o adiamento do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP), uma das iniciativas tomadas pelo governo para sanar o déficit de capacidade estimado para 2025, de 4,2 gigawatts (GW), foi a antecipação da entrada em operação de térmicas contratadas no leilão de reserva de capacidade (LRCAP) de 2021, que entrariam em operação em 2026.

Zucarato disse que as alternativas à contratação via leilão foram tomadas neste ano, mas que será necessário aumentar a quantidade de potência.

“Nós não temos mais usinas do LRCAP para antecipar, então essa medida já não é mais possível. O estoque de usinas merchant descontratadas também é finito. E é decisão do empreendedor de manter a usina como merchant ou descomissionar”, disse, durante participação no Aquecimento MegaTalks, em Brasília, nesta quarta-feira (4/6).

Termelétricas merchant são aquelas que vendem energia no mercado de curto prazo e não têm contratos mais longos. Assim, os preços estão sujeitos a variações conjunturais no mercado.

O diretor do ONS lembra que, no caso de usinas descontratadas, a decisão sobre a contratação parte da empresa, que avalia o retorno possível com os despachos. Além disso, esses faturamentos variáveis precisam remunerar o capital investido.

Zucarato espera que o próximo certame tenha produtos com início no segundo semestre de 2026, para cobrir o período seco sem que ocorram problemas no sistema.

O ONS estuda, por exemplo, a implementação do horário de verão e uma nova edição do programa de resposta da demanda. Ambas as ferramentas são importantes para deslocar a carga do sistema.

O horário de verão é tradicionalmente um assunto delicado dentro do governo, porque é uma decisão política que interfere no setor produtivo e não apenas na operação do sistema.

No ano passado, o governo ensaiou instituir o adiantamento dos relógios, mas não chegou a colocar em prática. A decisão foi tomada após estudos técnicos pelo ONS.

No programa de resposta de demanda, grandes consumidores são recompensados para evitarem o consumo de energia nos períodos da tarde e da noite, tirando a pressão do sistema nos momentos de maior demanda.

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