Energia

EPE estima déficit de potência em 5,5 GW no curto prazo

Sistema elétrico brasileiro precisa de potência adicional a partir de 2027, segundo estudos do Plano Decenal de Energia

PDE 2034 da EPE estima déficit de potência em 5,5 GW no curto prazo no sistema elétrico brasileiro. Na imagem: Instalações de usina termelétrica com grandes chaminés lançando grande volume de fumaça poluente na atmosfera (Foto: Governo do Mato Grosso)
PDE 2031: foram retiradas da simulação, ao todo, uma capacidade de 14,5 GW em usinas termelétricas, que estão em final de contrato (Foto: Governo do Mato Grosso)

RIO – O sistema elétrico brasileiro vai precisar de oferta adicional de potência a partir de 2027, de acordo com os estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) divulgados nesta segunda-feira (15/7).

A EPE prevê necessidade adicional de 5,5 gigawatts (GW) de potência no sistema em 2028, com déficits em todos os meses a partir desse ano.

Já a necessidade de oferta adicional de energia elétrica para atender à demanda é estimada a partir de 2028. Para a energia, no entanto, há maior sazonalidade no consumo, com aumento dessa necessidade no período seco.

O PDE, que está em elaboração, é usado para orientar políticas públicas, novos investimentos e a operação do sistema elétrico brasileiro ao longo de uma década.

O crescimento das renováveis variáveis e da micro e minigeração distribuída (MMGD) tende a ampliar a necessidade de potência no sistema nos próximos anos.

A potência é a disponibilidade de energia para atender à demanda. É suprida por fontes “despacháveis”, ou seja, que podem ser acionadas a qualquer momento, por isso, não considera fontes intermitentes, que precisam de condições climáticas para gerar energia.

Nos estudos do PDE 2034, a EPE considera que a carga de energia e demanda máxima devem crescer em média 3,3% nos próximos dez anos.

“É importante frisar que os requisitos de energia e potência são crescentes ao longo dos anos, mostrando a importância de uma expansão perene e uma estratégia para viabilizar investimentos de forma contínua”, afirma a EPE no documento.

Os cálculos levam em consideração a situação do sistema elétrico brasileiro em janeiro de 2024 e contam com projetos já contratados.

Térmicas em fim de contrato

Foram retiradas da simulação, ao todo, uma capacidade de 14,5 GW em usinas termelétricas, que estão em final de contrato ou vão perder os benefícios relacionados à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e ao Programa Prioritário de Termeletricidade (PPT) nos próximos dez anos.

Além disso, a necessidade de potência também leva em consideração projeções sobre a capacidade de atendimento desse requisito pelas hidrelétricas disponíveis e as possíveis restrições hidráulicas no período.

A contratação de potência no sistema elétrico brasileiro ocorre por meio do leilão de reserva de capacidade (LRCAP).

O governo pretende realizar ainda este ano um leilão desse tipo. Inicialmente previsto para agosto, no entanto, o processo atrasou e não tem data definida.

Em abril, o Ministério de Minas e Energia (MME) encerrou a consulta sobre as diretrizes do leilão, mas ainda  é necessário realizar uma consulta sobre a portaria da sistemática da contratação.

A EPE ressaltou que efetiva necessidade de contratação no leilão de potência previsto para 2024 será definida apenas quando o certame estiver mais próximo.

Esse tipo de leilão ocorreu apenas uma vez até o momento, em 2021, quando contratou 4.633 MW de potência, de 17 usinas termelétricas.

Desta vez, além das termelétricas, também está prevista a participação de hidrelétricas. O MME avaliou permitir a participação de fontes renováveis junto com baterias, mas devido às incertezas relacionadas a esse novo tipo de tecnologia, a contratação desses sistemas deve ficar apenas para o LRCAP previsto para 2025.