As usinas eólicas offshore podem ter custos até 45% mais baixos que projetos de geração de energia a partir da incineração de lixo, mas são até três vezes mais caras que as eólicas terrestres, apontou o caderno Parâmetros de Custos de Geração e Transmissão elaborado pelo Ministério de Minas e Energia e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
O documento será incluído no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2034).
A pesquisa analisou o investimento de longo prazo necessário para cada tipo de empreendimento analisado na elaboração do PDE. Desde o último estudo publicado, houve diferenças entre os valores, por conta da subida de preços das commodities e dos efeitos da pandemia e da guerra entre Rússia e Ucrânia.
De acordo com o caderno, o investimento necessário para instalar um projeto eólico offshore no Brasil vai variar entre R$ 10,5 mil e R$ 25 mil por quilowatt (kW), acima da faixa de R$ 4 mil a R$ 7 mil para projetos similares em terra. O tempo médio de desembolso para desenvolver os projetos marítimos deve ser de 36 meses, ante 24 meses das usinas terrestres.
O Brasil ainda não tem projetos eólicos offshore em desenvolvimento. As regras para a implantação desses empreendimentos estão em discussão no Congresso Nacional.
Já as usinas de incineração de resíduos sólidos têm custo estimado entre R$ 20 mil e R$ 36,5 mil por kW, com tempo médio de desembolso de 36 meses. A pesquisa da EPE aponta que essas usinas também têm o valor de manutenção mais elevado entre as fontes analisadas: R$ 1,1 mil anuais por kW.
A Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren) estima que o Brasil pode gerar até 3,3 gigawatts (GW) de potência em usinas nas grandes metrópoles.
Já as usinas de biomassa movidas a partir do bagaço de cana têm custos de implantação na casa dos R$ 2 mil a R$ 6,5 mil. Quando a fonte é o cavaco de madeira – um tipo de resíduo do corte de árvores – os custos ficam entre R$ 3,5 mil e R$ 8,5 mil.
Embora ainda não se saiba ao certo quando serão implantadas no Brasil, as baterias de armazenamento de energia elétrica têm um custo de referência estimado pela EPE de R$ 6 mil a cada kW, com os investimentos variando de R$ 5 mil a R$ 9,5 mil, em um período de um ano. Existe a expectativa de que haverá um leilão específico para a contratação dessa modalidade em 2025.
Tidas como opções para garantir flexibilidade ao sistema elétrico, as usinas hidrelétricas reversíveis têm um custo de R$ 6 mil a R$ 15 mil por kW.
Os custos mais baixos estão nas usinas fotovoltaicas, que demandam investimentos de de R$ 3 mil a R$ 6 mil por kW. O custo de manutenção também é o mais baixo, já que é necessário desembolsar R$ 60 a cada kW. O tempo médio do desembolso é de 12 meses.
Outra aposta do segmento são as usinas solares flutuantes, que têm custos estimados entre R$ 4 mil e R$ 8,5 mil por kW, com um tempo médio de investimento similar ao dos projetos terrestres.
A energia nuclear é a fonte com maior necessidade de investimentos. O valor fica entre R$ 20 mil e R$ 40 mil por kW. Também tem o maior tempo médio de desembolso, que chega a 60 meses. Ainda assim, tem custos de operação e manutenção mais baixos que projetos de incineração, na casa dos R$ 650 anuais.
A retomada da construção da usina nuclear de Angra 3 foi alvo de um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O levantamento mostrou que seriam necessários R$ 23 bilhões para concluir o projeto, enquanto o governo deveria desembolsar R$ 21 bilhões se optasse por abandonar a construção definitivamente.
Transmissão
A pesquisa também levantou os investimentos necessários para a transmissão de energia elétrica entre as regiões do Brasil.
Segundo a EPE, para interligar trechos entre Norte e Sudeste, Nordeste e Sudeste e Nordeste e Sul, serão necessárias linhas de transmissão em corrente contínua, com extensões de 1,5 mil km a 3 mil km. Nessas instalações, serão deslocados entre 3 GW e 5 GW.
A expansão da geração de renováveis no Nordeste, verificada nos últimos anos, e a necessidade de carga nas grandes cidades da região Sudeste, são levadas em consideração para os investimentos necessários na próxima década.
Para escoar a geração principalmente eólica e solar do Nordeste ao Sudeste, são estimados investimentos de R$ 3.040 a cada kilowatt, além de custos mensais de R$ 32,93 por kW.