O presidente da Enel São Paulo, Guilherme Lencastre, disse nesta quinta-feira (17/10) que os contratos de distribuição atuais não preveem incentivos para investimentos em resiliência das redes.
Após seis dias dos temporais, há 36 mil clientes sem energia na região metropolitana em São Paulo.
“Operação muito próxima da normalidade”, afirmou Lencastre.
De acordo com dados apresentados pelo Ministério de Minas e Energia na terça-feira (16/10), a média diária de intercorrências em períodos normais é de 35 mil desligamentos.
A Enel atualizou o número total de afetados pela ocorrência. Na sexta (11/10), dia em que ocorreram chuvas com rajadas de vento, 3,1 milhões de unidades ficaram sem energia. Antes, a companhia havia divulgado que foram 2,1 milhões de afetados.
Lencastre criticou as condições atuais dos contratos de distribuição. Segundo ele, as empresas não são incentivadas a reforçarem as redes.
“Qualquer investimento que você faça aqui é depreciado e entra na base de remuneração quatro ou cinco anos depois. Isso traz uma dificuldade na sustentabilidade econômico-financeira da própria distribuidora. Se você coloca remuneração anual desses investimentos, é muito mais fácil mobilizar a equipe, é muito mais fácil fazer investimento de forma linear para que você tenha uma remuneração”, afirmou.
Atualmente, esse tipo de aporte só é levado em consideração nas revisões tarifárias, que ocorrem a cada quatro ou cinco anos. Ao contrário dos processos de reajuste tarifário anual, onde são considerados os custos da prestação de serviço.
Em relação a um possível processo de caducidade, cobrado por autoridades nos últimos dias, o presidente da Enel se limitou a dizer que a empresa está cumprindo os níveis de duração e frequência de eventos adversos.
“Estamos trabalhando para melhorar todos os indicadores”, disse.
Questionado sobre o interesse em renovar o contrato de distribuição em São Paulo, o mandatário não respondeu claramente, mas disse que a empresa pensa em “um compromisso de longo prazo”.