Energia

Diálogo: o disjuntor acionado pelos consumidores

Luta desorganizada e baixa representatividade dos consumidores de energia resultam de um modelo arcaico, de repasse de custos à sociedade

Diálogo – o disjuntor acionado pelos consumidores de energia. Na imagem, interruptor elétrico (Foto: Nattanun Khankaew/Freepik)
A pulverização do setor elétrico tem propiciado uma convergência entre consumidores para buscar soluções e defender interesses amplos para o Brasil, não apenas o setor (Foto: Nattanun Khankaew/Freepik)

Numa contagem rápida, percebe-se que não é possível enumerar as associações do setor elétrico nos dedos. Das mãos e dos pés. Esse pequeno detalhe matemático revela o tamanho da dispersão. Em meio ao ambiente complexo e caótico que vivemos hoje, essa abjunção impede que o todo norteie uma pauta de defesa do setor, e cada um vai, da maneira que pode, defendendo seus interesses. É legítimo.

O ecossistema criado por uma série de decisões equivocadas no setor acabou criando esse movimento de “cada um por si”, e ninguém vai encontrar um urso no cerrado seguindo essa estratégia.

Essa luta desorganizada, uma disfuncionalidade na representação do setor, resulta de um modelo acostumado a empurrar seus custos para os consumidores. Via de regra, todos buscam deslocar suas próprias faturas para outros pagarem, invertendo a lógica.

Hoje, um diretor regulatório tem mais protagonismo numa empresa do que um diretor de engenharia. É soberano, hoje, vencer na argumentação regulatória do que investir para que a engenharia traga soluções inovadoras que vão, por exemplo, reduzir custos. O “jeitinho” regulatório, muitas vezes, é melhor recompensado.

Esses movimentos difusos acabam não considerando outros atores da sociedade que também são impactados pelo setor de energia. E deslocam a discussão sobre energia para o ambiente dos consumidores, indo além da própria cadeia do setor.

Tem havido um diálogo permanente entre os consumidores e uma extraordinária aproximação de vários grupos, desde pequenas associações aos grandes representantes dos consumidores.

O que nos une é muito maior do que o que nos afasta numa pauta que traz o interesse coletivo para o jogo: o custo da energia, a questão social, climática. Estamos caminhando para uma verdadeira aglutinação de esforços em torno de um movimento comum, uma resposta dos consumidores.

A pulverização do setor de energia tem propiciado essa convergência. Uma força em marcha que está sendo criada para buscar soluções e defender interesses amplos, de pautas que mudam o Brasil, não apenas o setor.

Os mesmos efeitos do ecossistema da energia que pulverizaram os interesses dos agentes de sua cadeia em um gigantesco arco-íris de associações estão unindo os consumidores em torno de um farol que aponta para a transparência, a competição e a eficiência.

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