BRASÍLIA – O presidente da Frente Nacional de Consumidores de Energia, Luiz Barata, questionou a necessidade de despacho de usinas termelétricas em meio à crise hídrica.
A Frente defende que é importante limitar o acionamento de termelétricas aos horários de maior necessidade, além de implantar ações específicas para contornar o contexto de baixo nível de chuvas.
A implementação de medidas como o horário de verão e o programa de resposta de demanda são algumas das propostas para ajudar a limitar a demanda e a reduzir a necessidade de despacho termelétrico.
“Nós não estamos com prenúncios de crise de energia. E precisamos tomar muito cuidado porque este movimento poderá nos levar a medidas que, de novo, irão aumentar a conta de luz”, afirmou durante o Seminário Nacional dos Consumidores de Energia, promovido pela entidade nesta quarta-feira (18/9), em Brasília.
No início de setembro, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) autorizou o acionamento de térmicas fora da ordem de mérito, o que ainda não ocorreu. A decisão do CMSE envolve térmicas a gás natural liquefeito (GNL), que precisam planejar as cargas para eventuais despachos futuros.
Para Barata, são necessários diagnósticos precisos, para evitar a implementação de medidas desnecessárias e que tragam aumento nos custos repassados aos consumidores.
“Podemos ter problemas de atendimento em alguns períodos e atendimento de potência. Então, obviamente, nós não vamos negar a necessidade de uso de térmicas. Mas nós entendemos que existem outras medidas que podem e devem ser utilizadas na direção de reduzir o uso dessa fonte e, consequentemente, reduzir o aumento da nossa conta de luz”, disse.
Ele cobrou transparência do governo em relação às condições de reservatórios e sobre a segurança energética do país durante o período seco.
O CMSE se reunirá, de forma extraordinária, nesta quinta-feira (19/9). A pauta da reunião incluirá um debate sobre a volta do horário de verão.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem falado abertamente que o governo estuda a volta da medida, que não é adotada desde o verão 2018/2019. Mas, além de critérios de economia de energia, haverá a visão de fomento à economia.
Um dos pontos na defesa do retorno do horário de verão é a pressão do setor de bares e restaurantes.
“Muitos dizem, mas a economia é pequena. Mas economia é economia. Seja de R$ 1 ou R$ 1 milhão. Se não for prejudicial, ela deve ser, sim, implementada. Não é apenas ligado à questão de energia. Existem outros aspectos que são alguns beneficiados e outros até prejudicados pelo horário de verão. Por isso é que se faz uma análise ampla”, opinou Barata.