LYON (FR) — A Suape Energia está avançando nos testes para uso de etanol na UTE Suape II, em Recife (PE). A companhia fechou uma parceria com a Wärtsilä Brasil para um teste pioneiro de utilização de motor a etanol para geração de eletricidade em larga escala na usina.
A térmica deve participar do próximo leilão de reserva de capacidade (LRCAP 2025), que está previsto para 27 de junho. O certame habilitou, pela primeira vez, usinas a biodiesel e etanol. Participam também termelétricas a gás natural e usinas hidrelétricas.
O acordo prevê até 4 mil horas de testes durante dois anos, a partir de abril de 2026.
Segundo o presidente da Wärtsilä Brasil, Jorge Alcaide, a grande vantagem de utilizar etanol é o custo em comparação com o biodiesel. Entretanto, é necessário avaliar questões como disponibilidade do combustível e como será o acionamento da usina.
“Para uma planta que vai rodar num modelo de stand-by (é acionada somente em caso de necessidade), que é o modelo brasileiro, a energia principal aqui é renovável, faz todo o sentido pensar no etanol”, afirmou em entrevista à agência eixos.
Alcaide reconhece que a solução a etanol é mais cara do que o gás natural no fornecimento de energia de base para o sistema.
“Mas, pensando em questão de meio ambiente, eu acho muito melhor rodar com o etanol”, ressalta.
Hoje, a Wärtsilä é responsável pela operação e manutenção de Suape II, que é acionada a óleo combustível, fornecido pela Petrobras.
A usina tem capacidade instalada de 381,2 MW e, no momento, é contratada na modalidade por disponibilidade, despachada de forma centralizada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Custos no leilão de potência
No início de março, a Energética Suape II e outras geradoras obtiveram no Superior Tribunal de Justiça (STJ) uma liminar contra o Custo Variável Unitário (CVU) estipulado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para o leilão.
As geradoras recorreram à Justiça depois que o MME reduziu o CVU máximo de R$ 2.639,99 por megawatt/hora (MWh) para R$ 1.711,18 por MWh. Após a decisão judicial, o MME recuou e reestabeleceu o CVU máximo para o inicialmente previsto.
Em nota, a Energética Suape II disse que o limite mais baixo do CVU tornava inviáveis projetos com etanol e biodiesel, mesmo com o governo permitindo a participação dos biocombustíveis no leilão.
“Essa mudança é um passo importante para tornar o setor mais aberto à inovação e à transição energética”, disse a companhia.
Apesar de não fazer parte da ação judicial, a Wärtsilä aponta que o CVU mais baixo gerou preocupação quanto ao nível de competitividade dos biocombustíveis no certame.
“Esse CVU baixo estava matando os projetos que o governo queria que entrasse, que eram os biocombustíveis”, afirmou o gerente geral de Desenvolvimento de Mercado para Contratos e Upgrades da Wärtsilä, Adriano Marcolino.