RIO — A Light estima que a atração de data centers pode dobrar o consumo de energia elétrica nos próximos cinco anos na sua área de concessão.
Atualmente, a demanda média é de 3 gigawatts (GW), mas a concessionária estima que a média pode chegar a 6 GW, de acordo com a superintendente de Experiência do Cliente da Light, Lais Tovar.
A companhia é responsável pela distribuição de energia em 31 municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro.
Segundo a executiva, a publicação da medida provisória com o regime especial para esse segmento, o Redata, gerou interesse pela instalação de projetos no Rio.
“A gente já está sendo muito demandado e procurado”, disse a jornalistas.
Tovar destacou que contribui para o interesse na região a iniciativa do prefeito do município do Rio, Eduardo Paes, de atrair esses projetos para a região de Jacarepaguá, por meio da iniciativa Rio AI City.
“A gente tem se colocado numa posição de parceiro desse modelo de negócios, adaptando nossas questões internas para que a gente consiga capturar esse ganho para a nossa cidade e para nosso estado”, disse Tovar.
Nas primeiras horas após a publicação da MP do Redata, em setembro, o estado do Rio de Janeiro recebeu pelo menos 5,8 GW de pedidos de conexão de data centers, segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Thiago Prado.
Renovação da concessão
A expectativa da Light pelo aumento na demanda ocorre em meio à previsão de renovação da concessão por mais 30 anos, sob o novo modelo de contrato aprovado pelo governo este ano. O atual contrato vence em junho de 2026.
Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) recomendou a extensão do contrato da distribuidora. O processo está agora sob análise do Ministério de Minas e Energia (MME).
A Light já prometeu que vai ampliar os investimentos na rede, após a renovação.
A companhia passa por um processo de reestruturação financeira, após entrar em recuperação judicial em 2024, com uma dívida de R$ 11 bilhões.
Histórico de perdas
O endividamento está ligado ao alto nível histórico de perdas ligadas sobretudo aos furtos, os chamados “gatos”.
De acordo com o superintendente de Proteção da Receita da Light, Bruno Rodrigues, a companhia perde R$1,3 bilhão em faturamento por ano devido aos furtos.
A estimativa é de que a cada 100 clientes na área de concessão da companhia, 40 furtam energia.
Cobrança diferenciada
Além de ampliar as inspeções para combater a prática, a companhia está buscando soluções regulatórias para incentivar a regularização dos clientes.
A empresa aderiu às propostas de “sandboxes tarifários” da Aneel, iniciativas para testar a regulação de novos modelos de negócios.
Uma das propostas em teste este ano é o modelo de tarifa fixa, com a cobrança de R$ 90 mensais para o consumo em comunidades.
A iniciativa está sendo implementada nas favelas Chapéu Mangueira/Morro da Babilônia, na zona Sul do Rio, e teve a adesão de cerca de 48% dos moradores.
Ainda este ano, a expectativa é testar o modelo em outros municípios da áreas de concessão.
A expectativa é poder adotar o modelo de cobranças diferenciadas para mais regiões a partir da renovação do contrato de concessão.
Os novos modelos de contratos aprovados pelo MME permitem cobranças diferenciadas em territórios específicos.
“A gente está fazendo testes e modelando porque o contrato novo vai permitir. Então a gente tem que testar, encontrar modelos que a agência reguladora reconheça como legítimos”, disse a superintendente de Comunicação e Sustentabilidade Light, Giovanna Curty.