BRASÍLIA — Cortes físicos e divisão de prejuízos entre usinas centralizadas e projetos de micro e minigeração distribuída (MMGD) são medidas sem amparo legal, na avaliação do CEO da Fit Energia, Bruno Menezes.
Após o agravamento do curtailment, o rateio dos cortes chegou a ser cogitada por entidades do setor. A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) sugeriu que a MMGD também compartilhasse os prejuízos.
Menezes afirma entender a preocupação dos geradores, mas, para ele, não há base legal na proposta. O tema já foi tema de estudo da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD).
“Não teria base legal para fazer esse curtailment para a GD, nem físico e nem contábil, como são algumas das sugestões. Corte físico, realmente é absurdo você imaginar cortar um consumidor, porque a GD está no nível de tensão da distribuidora e são unidades consumidoras. E essa divisão dos custos, especificamente para esse tipo de consumidor, a gente também vê hoje como ilegal”, diz.
As regras da geração distribuída foram consolidadas na lei 14300, sancionada em 2021. Embora considere que não é uma “norma perfeita”, o CEO entende que traz segurança aos geradores.
Uma das soluções para os cortes passaria pela adoção de baterias de armazenamento, evitando o desperdício da geração em momentos de abundância. Menezes entende que incentivos devem ser concedidos para associar baterias à geração distribuída.
“Armazenamento vai passar a ser a bola da vez nos próximos anos. Eu acho que é uma solução inteligente para tratar esse problema. A bateria pode ser carregada no momento de sobra de energia e usada nesse final do dia, quando a rampa realmente é preocupante”, disse.
Empresa cresceu e foi adquirida
A Fit Energia foi comprada pelo banco Santander em 2023.
A empresa cresceu por meio da opção do autoconsumo remoto, a partir de 2016.
Inicialmente, o grupo começou com pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) que poderiam ser enquadradas na geração distribuída. Posteriormente, passou a investir também em usinas solares.
Quando o marco da geração distribuída foi publicado, a Fit já possuía contratos com grandes grupos, como as operadoras de telefonia Vivo e Tim, a varejista Magazine Luiza e o próprio Santander.
A Fit tem hoje como foco os clientes residenciais e comerciais que pretendem economizar na conta de energia.
“Somos uma empresa de geração compartilhada, que permite o acesso àqueles que não têm as placas solares instaladas em casa. É um serviço para quem não pode ou tem uma insegurança de fazer um investimento que tem um tempo de payback”, afirmou.