BRASÍLIA — A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adiou a análise da regulamentação do compartilhamento de postes entre distribuidoras de eletricidade e empresas de telecomunicações.
A diretora Agnes da Costa pediu vista do processo na reunião desta terça-feira (20/5). Assim, o assunto voltará a pauta após análise da integrante do colegiado.
A regulamentação já se arrasta por sete anos, sem uma definição. Ainda existem divergências entre o entendimentos expressados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que defende, por exemplo, que a gestão do compartilhamento de infraestrutura se dê por um “posteiro”.
Trata-se de uma personalidade jurídica que vai gerir e intermediar os contratos entre empresas de distribuição e telecom. Agentes do setor entendem que essa figura não tem definições suficientemente claras, trazendo insegurança jurídica e abertura a interpretações.
A área técnica da Aneel havia recomendado que seria facultativa a cessão dos direitos de exploração comercial. O entendimento é compatível com a interpretação da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), mas contraria a visão da Anatel.
Para que o compartilhamento de postes seja regulamentado, é preciso convergência entre as diretorias da Aneel e da Anatel.
Caso não seja possível chegar a um consenso, a Advocacia-Geral da União (AGU) pode arbitrar a questão, intermediando os entendimentos entre os integrantes dos colegiados.
O compartilhamento de postes também está em debate no Congresso Nacional. A Comissão de Infraestrutura do Senado Federal analisa o projeto de lei 3.220/2019, de autoria do senador Weverton Rocha (PDT/MA).
O relator da proposta é o senador Esperidião Amin (PP/SC), que promoveu uma audiência pública com agentes do setor no dia 6 de maio.
Amin critica a demora de Aneel e Anatel para trazer uma solução ao problema.
Debate se arrasta na Aneel
A Aneel decidiu, em julho de 2024, reiniciar a discussão em torno da regulamentação do compartilhamento de postes.
O processo vinha sendo discutido antes da publicação do decreto de renovação das concessões e, agora, com as novas previsões legais, deverá ser reaberta a análise.
O compartilhamento de postes gera R$ 2 bilhões de receitas às distribuidoras de energia e 60% desses valores devem ser repassados para a modicidade tarifária.
No ano passado, distribuidoras de energia do Rio Grande do Sul pleiteavam aumento de tarifas e usaram como argumento a inadimplência.
Os diretores decidiram pela insubsistência do voto do ex-diretor Hélvio Guerra, já que houve fatos novos desde a análise da matéria pelo relator.