Castello Branco confirma planos para termelétrica e sociedade com CNPC no Comperj

Em audiência na Câmara, presidente da companhia defende Novo Mercado de Gás e plano de desinvestimento da companhia

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em audiência na Câmara / Foto: Agência Câmara
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em audiência na Câmara / Foto: Agência Câmara

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, confirmou que a companhia estuda construir uma termelétrica a gás no Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), durante audiência na Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara, nesta terça (11).

De acordo com o executivo, a conclusão do estudo para a viabilidade de uma joint-venture com a CNPC, estatal chinesa, está previsto para setembro. A CNPC é sócia da Petrobras no campo de Mero, na Bacia de Santos, e também negocia com a Petrobras a entrada nos campos de Marlim, na Bacia de Campos.

“Estamos estudando uma ideia de construção de uma grande termelétrica a gás a partir do Comperj paralelamente ao memorando de entendimentos com a CNPC”, afirmou Castello Branco.

Petrobras pode reduzir frequência de reajustes de combustíveis
Castello Branco não poupou críticas às gestões anteriores da companhia e defendeu por diversas vezes a atual política de preços da Petrobras. O executivo frisou que a empresa tem duas vezes a dívida média dos 10 maiores produtores mundiais de petróleo e por isso defende o foco na redução de ativos e na redução rápida de juros. Segundo ele, um momento maior de instabilidade da economia global hoje poderia ter um impacto forte para a Petrobras graças ao seu endividamento.

Questionado por diversos deputados quanto às medidas que a  empresa pode tomar para evitar uma alta dos preços, o executivo afirmou que a companhia pode reduzir a frequência dos reajustes, como fez no caso do diesel. Mas frisou que a Petrobras não tem “o poder de formular políticas públicas” e afirmou que seu esforço “é o de manter o preço nivelado com o mercado internacional”.

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“De 2011 a 2014 o governo mandou a Petrobras ignorar a ciência econômica e cobrar o combustíveis pelo custo. As estimativas é que a Petrobras perdeu R$ 100 bilhões. E depois o governo passou para o outro extremo, cobrando acima dos preços internacionais. Então essa política é equivocada”, afirmou.

Castello Branco defendeu ainda a decisão da companhia, tomada antes de sua presidência, de vender as plantas de fertilizantes. Para ele, o investimento em fertilizantes “é fora do negócio principal e algo em que a Petrobras perde dinheiro sistematicamente, então estamos dando curso a isso (à venda das plantas)”.

“Novo Mercado de Gás é algo em que acreditamos”
Castello Branco elogiou o projeto do governo para abrir o mercado nacional de gás natural, o Novo Mercado de Gás. Segundo ele, o monopólio na cadeia de gás não trouxe nenhum benefício e a abertura do mercado vai favorecer também a Petrobras. “O Novo Mercado de Gás é algo em que acreditamos bastante”, disse o executivo.

“Vamos abrir caminho para que, com mais competição, tenhamos mais valor e preços mais baixos. Mas não acredito que vá ser na proporção dos Estados Unidos”, afirmou.

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Cessão onerosa
Respondendo a questionamentos de deputados, Castello Branco lembrou que o leilão do excedente da cessão onerosa não tem relação com o endividamento da Petrobras e é um bom negócio para a companhia. “O endividamento se deve à política de preços de combustíveis e ao dinheiro jogado fora com refinarias”.

“Abreu e Lima hoje produz menos do que 100 mil barris diários, menos da metade do projeto. Isso é jogar dinheiro fora e é causa de endividamento. Teria sido muito melhor que a Petrobras tivesse distribuído dinheiro de helicóptero”, disparou.

O executivo também lamentou a demora de governos anteriores em realizar leilões de exploração e afirmou que, segundo dados da ANP, mais de R$ 100 bilhões poderiam ter sido arrecadados com certames.

“No ano passado, a Petrobras pagou às três esferas (de governo) mais de R$ 100 bilhões. Com o crescimento da nossa produção, vamos ver se a gente consegue entregar aos cofres públicos algo superior a R$ 200 bilhões”, disse o executivo.

Para Castello Branco, o Rio de Janeiro tem oportunidade ímpar de se transformar nos próximos anos a partir dos recursos oriundos do petróleo e gás natural quando será “o terceiro maior produtor de petróleo das Américas, superado apenas pelos EUA e Canadá”.

“Campos maduros são um jogo onde todos ganham”
Aos deputados, o presidente da Petrobras defendeu a opção da empresa em entregar os campos maduros para outras operadoras. Frisando que a exploração desses campos não está no foco da empresa, que centraliza seus investimentos no pré-sal.

“Estamos surpreendidos com valores sendo pagos por empresas que adquirem os campos maduros. Para nós são campos de pouco valor mas para seus adquirentes apresentam enorme potencial porque eles detêm a tecnologia”.